Por Alvaro Otranto
Alguns
posts atrás, publiquei um texto sobre os “barcos de apoio” conhecidos lá fora
por Chase Boats, agora volto ao
assunto com algo que fica difícil de batizar em português, de uma forma que não
seja “Iate ou Navio de Apoio”, conhecidos lá fora por Shadow Boats.
O
chamado Shadow ou SupportVessel nada mais é do que um
outro iate, que tem a função de complementar os espaços e
a logística do barco-mãe (Motheryacht).
Criado inicialmente para dar suporte a Iates que realizavam expedições, passou
a ocupar um lugar de destaque no lazer de seus proprietários.
Shadow Yacht em operação
Tudo
começa com a construção ou adaptação de um iate ou outra embarcação à nobre
função de apoio de um iate-mãe. Dentre suas funções estaria transportar
equipamentos e embarcações de menor porte, a fim de atender as necessidades do
Iate onde o proprietário e convidados ficariam acomodados. Portanto, sem a
necessidade de espaçosas cabines e salões, este volume passaria a ser dedicado
a alojar uma quantidade enorme de brinquedos flutuantes, como botes de apoio,
lanchas de pesca, motos-aquáticas, infláveis, hidroaviões, submarinos, pranchas de todos os calibres além
de oficinas de reparo, paióis para peças sobressalentes, câmaras frigorificas,
despensas para alimentos, lavanderia, ambulatório,spa, academia, central de
comunicação, oficina, alojamento para os tripulantes de ambos, mas
principalmente algo complicado de se instalar e operar em um “barco-mãe” que
seria um amplo heliponto, apto a receber e até estivar e transportar aeronaves
de diversos tamanhos.
Os
estaleiros europeus não perderam tempo e lançaram vários projetos de barcos de
apoio, de 18 a mais de 100 metros de comprimento, com opções dedicadas a todos
os tamanhos e necessidades. Porém, não se iluda, estes barcos não são
rebocadores forrados de fórmica e cheirando a oficina, são iates diferenciados
que possuem elevado padrão de conforto, mesmo não realizando o pernoite do
proprietário, pois o mesmo o utiliza como extensão de seu Iate principal,
contando com ele para diversões aquáticas, spa, acomodação de mais hóspedes e
mesmo para embarque e desembarque através de seu já citado heliponto.
De
forma pouco mais econômica, é possível transformar um pequeno navio de apoio e
suprimento de plataformas de petróleo, que chamaremos genericamente de Supply Vessel, em um Superyacht Support Vessel. Vale dizer que esta transformação não é
das mais baratas, além de herdar equipamentos de propulsão de necessidade
duvidosa, como inúmeros motores destinados ao DP-Posicionamento Dinâmico e um
consumo de combustível que costuma ser bastante elevado; como vantagem estes
navios já nascem atendendo as mais duras regras de segurança e possuem enormes
espaços, o que permite instalar o já comentado heliponto com toda a estrutura
necessária, assim como garagens e sistemas de lançamento para todo tipo de
veículo.
O Thunderbird 2 é utilizado para lançamento de um mini-submarino de passeio
Um
fator importante é que o custo de construção de um Iate luxuoso tradicional é
bastante elevado, e investir este capital em área construída dedicada exclusivamente
ao proprietário e convidados, deixando as áreas técnicas a bordo do barco de
apoio, seria o mais inteligente a se fazer. Com isto, sobra mais espaço para
piscinas, áreas gourmet, restaurantes, bares, boates e salas de cinema,
deixando a oficina, paióis e outros espaços menos cotados de fora.
Apesar
de ser uma moda recente, anos atrás visitou a Marina da Gloria a pequena frota
de um empresário norte-americano que por aqui passou algum tempo. O barco-mãe
tinha algo como 120 pés, e se fazia acompanhar de um trawler de 90 pés,
equipado com oficina e despensa, e ainda escoltava uma lancha de pesca esportiva
de 70 pés, cuja tripulação se dedicava a pescar Marlins ao redor do mundo, no
sistema tag-n-release (pesca-etiqueta
e solta, em tradução livre). Assim como ele,hoje em dia vários outros Armadores
adotaram este sistema de “flotilha” e o próprio Roman Abramovich encomendou
dois SeaAxe’s de 50 metros cada, para apoiar seu Megayacht Eclipse de 162,5 metros (533 pés). Estas “pequenas”
embarcações tem velocidade máxima de 28 metros e atendem, segundo consta, às
necessidades do armador.
Um é bom, dois é melhor ainda!
A
pratica é que o SupportVessel chegue
ao local da diversão antes da chegada do Iate-mãe, assim os convidados já irão
dispor dos brinquedos quando chegarem ao destino, e não terão de aguardar a
tripulação “montar a praia” após terminada a manobra de fundeio.
No
Brasil,que a bem da verdade não possui ainda muitos Superiates em suas águas,
não se tem notícias que indiquem que algum SSV estará em operação nos próximos
meses, mas certamente algo semelhante deverá aparecer por aqui em breve.
Levando em consideração que os iates produzidos aqui costumam ter pouco ou
nenhum espaço dedicado a manutenção, estocagem de peças e alimentos, sem falar
na pobreacomodação de tripulantes, nada impede que possamos identificar lanchas
mais antigas, modificadas e passando a servir de apoio para iates de maior
porte. Nelas, poderiam ser guardados motos e pranchas, botes e peças, alimentos
e bebidas além de permitir até o descanso de tripulantes que passaram a noite acompanhando
turmas de jovens em baladas, e que de dia precisam se recuperar para a próxima
noitada, enquanto seus pares atendem aos proprietários e convidados de outras
gerações, durante o dia.
A
bem da verdade, alguns anos atrás uma família de empresários brasileiros comprou
e reformou uma grande escuna, que passou a operar uma enorme e muito bem
equipada cozinha, apta a atender ao grande número de familiares e convidados
dentro de sofisticados padrões gastronômicos. Ela se posiciona em algum lugar
da Baia da Ilha Grande e a cada momento um dos barcos da família recorre a ela
para consumir alimentos, bebidas e conforto, utilizando-a como um tipo de
barco-restaurante privado, que presta apoio especializado a todos. No caso do
SSV, eles viajam com o barco-mãe para outras regiões, prestando o suporte
logístico necessário a frota, permitindo uma experiência única a seus
proprietários.
Um transportador de Flotilha
Seria
como enviar o barco de apoio a Fernando de Noronha e ao chegar, você teria um pequeno
submarino à sua disposição, assim como uma lancha de pesca e um bote para
operação de mergulho autônomo. Caso necessitasse, poderia utilizar o estoque de
combustível e agua do barco de apoio e ainda desembarcar (com sorte) um
quadriciclo na praia do Porto. Isto sem falar em SUP’s, bicicletas de trilha e
até um Ultraleve, tudo para seu deleite.
Ao
que parece, este mercado não tem mesmo limite. O que começou com um pequeno
bote de apoio, depois virou um Chase
e agora cresceu para um Navio de Apoio, também inclui enormes flutuantes
rebocáveis, verdadeiras ilhas artificiais onde cantos-gourmet se misturam com
piscinas e toboagua gigantes. Quem sabe, no futuro, um magnata deste não vai
comprar e adaptar um Porta-aviões, a fim de poder pousar seu jato em seus giros
ao redor do mundo.
Mesmo
nascendo à sombra de um grande Iate, estes barcos já possuem luz própria e um
lugar garantido no mercado, pois aliam mobilidade, estilo, segurança e permitem
o acesso ao que há de mais moderno em termos de diversão.
Tudo em nome de um Mar de muito prazer!
Muito interessante essa materia!
ResponderExcluirMissão cumprida! Obrigado
ResponderExcluir