terça-feira, 9 de julho de 2013

Quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


Quinta-feira do Rescaldo!
 
Mais uma noite bastante tranquila, sem vento ou chuva.

O barco permaneceu no fundeadouro do Campinho.

Durante o dia, alguns passageiros seguiram a Camamú para um passeio, mas voltaram um pouco frustrados, devido a sujeira, a falta de estrutura e aquilo que sempre nos espera em locais pobres e mal cuidados. Sem falar que um dia depois do Carnaval, não sobrou “pedra sobre pedra” na região!

O almoço à bordo foi Salada Verde, Camarão com Moranga (pois servimos em panela de barro) e o tradicional pernambucano: Bolo de Rolo.

Quarta-Feira de Cinzas, 13 de Fevereiro de 2013


Visita a Taipús

Foi uma das poucas vezes que não choveu de madrugada!

Dia radiante, de muito sol, pouco vento e um calor de matar!

Os passageiros partiram para um passeio de van pelas praias de fora, e acabaram almoçando em um restaurante nas proximidades da Ponta do Gavião, o conhecido Bar da Jô. Muitos caminharam pelas praias, aproveitando o dia em terra.

O cozinheiro e eu fomos a Camamú, tentar repor alguns viveres, mas não encontramos nem mesmo, algo simples como água mineral! Frutas, pães e verduras... nem falar. Saudades do Mediterraneo, onde a Mansueto trazia em pouas horas, qualquer produto que fosse necessário! De figos gigantescos a Trfas negras do tamanho de bolas de tenis...

O caminho entre o barco e a Vila histórica de Camamú é bastante interessante, mas rasa demais. Acredito que o potencial turístico de toda a região é enorme, mas a falta de estrutura, e de um mínimo de canais dragados, dificulta e torna navegar por aquelas bandas, um perigo danado.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Segunda de Carnaval: 11 de Fevereiro de 2013


Maraú, Sem Cais e nem Carnaval?!
 
A noite foi tranquila, e nenhum tambor ou o mínimo rumor do Carnaval foi ouvido à bordo, Maraú estava apagada e praticamente deserta!

Choveu de madrugada, mas apenas uma pancada isolada.

De tarde, nossos passageiros saíram de Verde&Rosa para um passeio a Cachoeira de Tremembé, algumas milhas rio acima, retornando perto das 17h00. O passeio costuma ser muito interessante, pois é possivel entrar com alguns barcos dentro da queda de água da cachoeira. Numa das vezes que lá estivemos, conseguimos comprar uns dois quilos de pitus, catados pela garotada que brinca o dia todo, ao redor da cachoeira.

O almoço foi salada verde com couve-flôr, muzzarela de búfala e tomate cereja. Seguida de Tortelloni recheado de alcachofra com molho de funghi porcini trufado. Para fechar, a sobremesa foi Tiramissú a moda da Vinheria Percusi.

À noite, nosso cozinheiro assou um Bolo de Fubá, e a ceia teve grande aceitação.

Domingo de Carnaval: 10 de Fevereiro de 2013


Apostando Corrida com um Veleiro!
 
As 04h00 caiu um rápido dilúvio, com muita chuva e vento!

Pouco antes das 06h00 da manhã, suspendemos nossa âncora e seguimos para Camamú.

Havia uma forte marejada, próximo da Barra do Morro de São Paulo, e balançamos um bocado. O Índigo saiu praticamente no mesmo horário, mas a falta total de vento, o fez se distanciar cada vez mais, e em pouco tempo colocamos uma grande distância à frente. Se o vento dos últimos dias tivesse se mantido, ele fatalmente iria nos passar em muito pouco tempo, pois cruzamos a 9 ou 10 nós, e eles com sua imensa área vélica e linha d’água, iria bater nos 15 nós, fácil!

Fechamos as primeiras mil milhas de viagem, desde nossa partida de Angra.

As 09h30 demandamos a sinuosa Barra de Camamú, e notamos vários catamarãs franceses circulando pelas imediações. Tive a impressão que eles não sabiam bem para onde ir, e gostaram de nos ver chegando, pois logo que fundeamos, vários vieram parar ao nosso redor. As 10h50 conseguimos fundear na segunda tentativa, pois o fundo em frente ao Campinho, não costuma ter uma pega muito boa.

O proprietário do Índigo, que chegou algum tempo depois, veio almoçar conosco e, neste dia, servimos uma Feijoada Completa.

No final da tarde, e aproveitando a maré, seguimos para Maraú, aonde chegamos as 17h45, sob um sol baixo, porém bastante forte. Largamos 35 metros de amarra, em um fundo de 10 metros, parados nas proximidades do cais da cidade, cujo excelente flutuante, que tantas vezes já havia nos servido, jazia afundado no fundo do rio, uma pena!

À noite, lanche leve para todos.

Sábado de Carnaval: 09 de Fevereiro de 2013


Morango no Nordeste!
 
Pela manhã, estava mais calmo e com céu limpo.

Logo cedo, partiram no bote, com o prático Bobó para a Ilha de Boipeba e o Rio do Inferno, como nosso barco de apoio, retornando apenas no meio da tarde, devido a maré.

Enquanto passeavam, paramos nosso gerador, apagando o barco todo e fizemos a necessária revisão e manutenção preventiva, pois era agora nossa única fonte de energia. Como as horas dos motores também pediam, foi realizada a troca de filtros e lubrificantes dos nossos dois MAN de dez cilindros e 1050 HP cada.

Próximo das 16h00 suspendemos o ferro, retornando para a região do Curral. A principio, tentamos fundear próximos do veleiro Índigo, nossos velhos conhecidos, mas as condições na Gamboa (mais uma vez) tornaram impossível um fundeio seguro. O fundo naquela área é como um serrote, a sonda vai de cinco a vinte metros e não se consegue um fundo regular para largar a âncora. Fora isto, com a forte correnteza nas vazantes, o barco atravessa de lado para o vento e o conforto vai pras cucuias!

Acabamos largando âncora no Curral, nos últimos raios de luz do dia, e o transito de pequenas embarcações que iam e vinham de Valença, Galeão, Cairu e outras localidades rumo a Gamboa e a Morro de São Paulo, em pleno Carnaval, era intenso e assim foi durante a noite toda. Muitos passavam tão rentes a nosso barco, que achei por bem deixar todo o convés iluminado.

Como o almoço ficou um pouco abaixo do esperado, fizemos um jantar mais caprichado: bruschette (brusquetas) de caponatta de entrada, e Risoto de arroz arbório com shimeji e shitake ao vinho branco. A sobremesa foi torta de morango.

Carnaval, 08 de Fevereiro de 2013


Roncam os Tambores!
 
Durante a noite, os tambores roncaram na Cidade Alta, e nós balançamos bastante em nosso fundeadouro, com muitos barcos entrando e saindo da Bahia Marina, além do vento e da chuva, que vinha em pancadas fortes, a todo momento.

As 06h00 já estávamos atracados no Posto Flutuante BTS, onde completamos nossos tanques com o necessário para realizar o passeio dos próximos dias, e ainda retornar a Angra, com certa folga.

As 07h30 já abastecidos, largamos do posto e nas proximidades do Iate Clube da Bahia, colocamos o Verde&Rosa no reboque, seguindo para o Sul, na direção do Morro de São Paulo.

No caminho, o vento forte de Leste trouxe uma forte marejada, e balançamos bastante. Eram 11h00 quando entramos no abrigo da Ponta do Curral, seguindo diretamente a Cairu, onde fundeamos as 12h30.

Largamos 25 metros de amarra, em apenas cinco de profundidade, com o vento acima dos 25 nós, e o barco atravessado nas rajadas, devido a forte correnteza do Canal do Taperoá.

Como a viagem não havia sido das mais confortáveis, logo que chegamos as pessoas partiram para conhecer a cidade e caminhar um pouco em terra, com suas igrejas e casario que remonta a 1610.

No almoço, servimos salada verde com figos, Parma e balsâmico, de entrada e postas de salmão no caramelo de gengibre. Um fato interessante é que nos supermercados de Salvador, as peixarias dispõe de serra elétricas do tipo fita, pois vendem seus peixes apenas em postas, não sendo possível fileta-los, como geralmente é pedido no Sudeste e Sul.

O vento e as chuvas em pancadas fortes e intermitentes nos atingiram a noite toda, mas sem oferecer perigo algum, estávamos com nossa âncora bem cravada no fundo de lama.

 

Itaparica: Quinta, 07 de Fevereiro de 2013.


De passagem por Itaparica

De madrugada, ventou e choveu de forma intermitente, mas as sete da manhã, o dia estava firme, limpo e com muito sol!

Próximo do meio-dia, suspendemos rumo a Salvador, fundeando nas imediações da Bahia Marina as 13h30. No percurso, cruzamos em situação de colisão com a Draga Chinesa Kaishuu, foi nosso quinto encontro desde a chegada a Salvador, e a maioria delas, tivemos de desviar da errática embarcação.

O almoço foi uma salada e um risoto de lulas, coisa básica!

Um de nossos passageiros partiu em missão especial no Bairro da Ribeira, onde uma das mais tradicionais sorveterias de Salvador costuma nos abastecer com litros e mais litros de sorvete das mais variadas frutas, destacando o de Tamarindo, que à bordo, costuma ser batido com gelo e vodka em copo alto, se não podemos chamar este aperitivo de Caipirinha, quem sabe Bahianinha?!

Avaria: o técnico Cesar, também conhecido por “Orelha”, esteve a bordo, tentando ressuscitar nosso gerador, mas seu veredicto foi o falecimento da parte geradora, bastante avariada. Aproveitamos, e compramos uma bateria nova e realizamos mais compras de víveres no Supermercado Perini, visto que seguiríamos viagem para fora da Baia de Todos os Santos.

Catu: Quarta-feira, 06 de fevereiro de 2013.


Catu: Paraiso Bahiano!

Catu, além de bonita é bastante tranquila e nosso pernoite foi muito bom, sem marolas, sem vizinhos barulhentos e mais nada.

Logo cedo, as 08h10 suspendemos e retornamos canal acima, passando pela Ponte do Funil novamente e fundeando próximo das 09h00 junto a Fonte do Tororó.

Com um dia esplêndido para aproveitar, nossos convidados foram para a praia, de bote e SUP, rodando em volta do barco por toda a manhã.

O almoço foi servido antes de seguirmos no passeio, com direito a salada de repolho roxo com passas, laranja e queijo de cabra, seguida de um pernil do cordeiro assado, com legumes ao vapor. Finalizamos com iogurte grego, com nozes e mel – um almoço da era bíblica!

As 16h30 retornamos ao fundeadouro do Iate Clube de Itaparica, onde pernoitamos mais uma vez.

O jantar foi sanduíche no prato, leve e prático.

Avarias: uma pane em vários equipamentos, nos fez perceber que uma de nossas baterias do banco de 24 VDC havia colado placa, e precisaria ser substituída, com urgência.

 

Terça, 05 de Fevereiro de 2013


Pra lá do Caixa-Pregos!

Apesar do vento constante, durante a noite a calma foi se instalando, e pela manhã nossa manobra foi bem tranqüila. Eram 08h35 quando suspendemos a amarra, e seguimos 15 milhas em direção ao Sul, pela parte de dentro da Ilha de Sta. Cruz, conhecida por Canal de Itaparica.

Durante o percurso, entrei em contato com um amigo, o Hélio Magalhães, autor dos Guias Náutica da Bahia, que normalmente utilizamos em nossas viagens, e ele me confirmou que haveria bastante espaço sob o vão central da Ponte do Funil, num local conhecido por Pantanal Bahiano, e onde pretendia passar com o barco.

Assim que passamos o Tororó, reduzi máquinas, paramos e largamos o bote Verde&Rosa que iria fotografar nossa aventurosa passagem sob a ponte. Depois que ele já estava posicionado, demos maquina e bem devagar passamos pela ponte. Por brincadeira, e para quebrar a tensão das pessoas, dei um toque rápido no apito, que confesso assustou muita gente, mas fez parte da emoção da passagem, que nem é tão estreita quanto imaginava, e bem poderia ter feito este passeio, das outras vezes que ali perto estivemos.

As 10h32 largamos a âncora em frente a um vilarejo, chamado Catu. Um pedaço de paraíso na terra da Bahia! Uma franja de areias brancas, cercada no lado de terra por uma parede de coqueiros e mangueiras centenárias, além de outras árvores frondosas. Do lado do mar, água calma e transparente, pois em contraste ao Rio Paraguaçu, ali estávamos a poucos metros da entrada da Barra Sul, próxima a Cacha-Prego.

A brisa de Nordeste soprava acima dos 20 nós, portanto largamos 25 metros de amarra, apesar dos quatro de profundidade. Nosso log registrava 892 milhas, desde Angra.

Pouco antes do meio-dia, conseguimos organizar um passeio a Jaguaripe, uma cidade do tempo do império, onde as caravelas portugueses carregavam dendê, piaçava e  côco nos idos de 1613. O barco grande ficou em Catu, e foram todos de bote, sob calor intenso, o que encurtou o passeio guiado pelo Sr. Brandão, um prático local.

Seguindo mais uma indicação do Helinho, foram almoçar no Restaurante de Dna. Almerinda, onde ela serve uma das melhores moquecas da Bahia, a conhecida Moqueca de Siri Bóia, entre outras delicias.

Avaria: tentei trazer o técnico “Peruano” para checar nosso gerador, mas apesar de combinar o local e horário, o estou aguardando até hoje...

Segunda, 04 de Fevereiro de 2013


Nas proximidades de Maragojipe 

A noite foi bastante tranquila, ainda mais pela distância que estávamos de qualquer marola de oceano, nos confins do Rio Paraguaçu!

Pela manhã, consegui organizar um passeio de bote até o município de Cachoeira, com o prático “Bin”, algumas milhas rio acima, por entre bancos e baixios do Canal do Espadarte.

A cidade, considerada o segundo acervo arquitetônico barroco do estado da Bahia, foi berço de grandes figuras da historia de nossa independência (?), como Maria Quitéria e Ana Nery, a padroeira das enfermeiras do Brasil. Lamentavelmente, a cidade esta bem maltratada e sem o brilho que esperavam conhecer. A zona portuária, se é que pode assim ser chamada, esta totalmente abandonada, e o desembarque dos nossos passageiros, foi problemático e talvez um pouco arriscado.

Devido a restrição imposta pela maré, estavam todos de volta à bordo as 12h30.

Servimos alguns aperitivos, e as 14h20 suspendemos nossa âncora, seguindo para a Ilha de Itaparica. Descendo o rio, a favor da maré e contra o vento de Nordeste, As 15h00 passamos pelo través da Ponta do Alambique, e as 16h40 largamos o ferro próximos ao Iate Clube de Itaparica, a sotavento de vários veleiros estrangeiros, que se reuniam ali para o Carnaval, já bem próximo.

O almoço foi um Guacamole (sem coentro) e uma pasta ao molho de camarão. De noite, o lanche foi apenas um chá com torradas, pois o cardápio dos últimos dias, já estava trazendo danos às dietas dos passageiros.

Avaria: perdemos o gerador de boreste, e pelo cheiro de fio queimado, não dava grandes esperanças de recuperação, e isto quando a viagem mal havia iniciado.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Paraguaçu: Domingo, 03 de Fevereiro de 2013


Amanheceu com o céu praticamente limpo, e uma brisa de Nordeste, como é normal para a região.

Com o barco servindo de base, algumas pessoas saíram para passeio com o barco de apoio, enquanto outras se divertiam com o SUP (stand-up padle), uma novidade embarcada, por ocasião de nossa passagem pelo Rio.

De almoço, servimos uma salada de alface crespa, com alguns legumes e queijo de cabra. O almoço foi Escalope de filet mignon, acompanhado de purê de mandioquinha, arroz e vagem ao alho. Sobremesa de torta-gelada.

As 15h15 suspendemos para nosso próximo destino, nas proximidades de Maragojipe. Seguimos pelo Norte da Ilha do Bom Jesus, e de olho no canal, contornamos o sinuoso canal, entre a Coroa Grande e a Ilha de S. Antonio. Depois, rumamos em área não cartografada, para as 16h35 passar pelo través da Ponta do Alambique, onde começa o Rio Paraguaçu. Desviamos das dragas em operação em frente à Vila de São Roque, onde há um estaleiro e muitas plataformas de petróleo em construção.

O Rio Paraguaçu possui uma profundidade surpreendente, e nossa sonda registrou mais do que 40 metros em alguns trechos. Vez por outra, cruzamos com canoas a vela, e mesmo algumas de maior porte, ainda utilizadas para transporte de pessoas e material. As 17h45 fundeamos com 40 metros de amarra, em frente a Igreja de São Francisco do Iguape, ou Paraguaçu, uma ruína fantástica, digna de filme de Indiana Jones.

O fundo é de lama escura, de boa pega, mas a corrente de vazante é bastante forte, e sempre largo corrente “de sobra” naquela região.

A janta foi Pizza de Frigideira, prato simples, leve e de grande sucesso no cardápio.

Bahia: Sábado, 02 de Fevereiro de 2013


Faltava uma semana para o Carnaval, e já estávamos no ritmo da Bahia!

Largamos de nossa vaga, a fim de liberar para outro barco que estava chegando, e as 10h32 fundeamos nas proximidades da Bahia Marina, em um fundo de seis metros de profundidade e com 25 metros de amarra, onde aguardamos a chegada dos últimos convidados, que foram embarcados com o uso do Verde&Rosa.

As 13h30 suspendemos e rumamos para sotavento da Ilha do Frade, nas proximidades do Terminal de Madre de Deus, onde fundeamos com 30 metros de amarra, as 15h20, após uma curta travessia através do canal dragado para os navios petroleiros.

O almoço tardio, foi servido ao final da tarde, e constou de uma entrada com salada verde, palmito, gorgonzola e passas, seguida de um de nossos pratos mais tradicionais, o Arroz de Polvo com olive taggiasche, uma azeitona típica da Ligúria, que permite um perfume e uma cremosidade especiais ao prato.

Pernoitamos no local, que é bastante tranquilo, com a Lua minguante de moldura.

Bahia Marina: Sexta-feira, 01 de Fevereiro de 2013


O dia raiou da melhor maneira possível, com sol e quase sem nuvens. O barco estava brilhando, assim como nosso bote de apoio, amarrado a contrabordo.

Parte dos convidados chegou com o proprietário, e o dia foi de boas-vindas e organização das próximas etapas do passeio, além de algumas compras de última hora.

Servimos de entrada, figos ao mel trufado, rúcula e presunto Parma; de prato principal um magret de pato, acompanhado de aspargos ao vapor e shitake ao sake. De sobremesa, uma torta gelada de nozes. Demos preferência a servir figos e shitake, logo no primeiro dia, pois são ingredientes que estragam ou amadurecem muito rapidamente.

Como sempre, algo importante pifa na pior hora. Um dos HD’s de nosso sistema principal de arquivo de filmes apresentou avaria, e quase instantaneamente o fabricante me enviou um email dos USA, avisando do problema em nosso equipamento e indicando a necessária substituição do HD. Infelizmente, como não há representantes deles no Brasil, este problema acabou demorando meses para ser solucionado.

Quinta-feira, 31 de Janeiro de 2013

Foram dois dias de intensa limpeza, e preparação para a chegada dos primeiros convidados, que viriam nos próximos dias. Com o barco parado, enquanto um trabalhava na parte externa, limpando e polindo, outros trabalhavam e preparavam as cabines, as salas, cozinha, a despensa e tudo o que seria exigido nos próximos dias de "casa cheia".

Para nos locomover em Salvador, utilizo os serviços de um taxista em especial. Ele foi indicado por um colega, o Assis, que comandou o Iate Arpoadora e aqui esteve varias vezes. O motorista Átila é daquelas pessoas a quem você apresenta um problema, e ele acaba resolvendo: precisa de uma peça que vai dentro de uma máquina? Ele encontra. Precisa de um reparo de marcenaria, laminação, costura, quem sabe um barbeiro? Ele te leva e apresenta. Com ele, desta vez, consegui alguns fusíveis, fiz as compras no Perini, e mais uma vez não consegui ir comer lambreta, num restaurante do centro, que o Átila vive me indicando, uma pena.

Problemas que enfrentamos? Atracados, ocorre uma interferência que atrapalha os sinais de SKY em nossa antena. É fato que as antenas rastreadoras de 60 cm de diâmetro, como a nossa, começam a perder sinal assim que passamos dos Abrolhos, mas isto pode ser compensado, girando a LNB por alguns graus. Porém, atracados à Bahia Marina o sinal se perde, se mistura, canais desaparecem - um desastre, que só para, assim que desatracamos, portanto não se desespere!

Outro problema, é que a energia na Marina não é forte o bastante para nos atender, e temos de virar o gerador o tempo todo. Tentamos nos conectar a duas tomadas, o que funcionou apenas durante a noite, com dois compressores de ar condicionado acionados. Precisamos cair na real, que atender com simpatia apenas, não basta! Já foi o tempo.
 

 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Navegando do Rio de Janeiro a Salvador


Sábado, 26 de Janeiro de 2013.

Nesta curta estadia, tivemos de desmontar parte da cozinha a fim de sanar problemas no dreno de uma unidade de ar condicionado, e também nos trilhos de algumas gavetas, coisas que costumam acontecer sempre às vésperas de qualquer viagem... coisas do tal de Murph! Além disso, alguns reparos e configurações nos eletrônicos, estavam pendentes fazia algum tempo, e foram realizados pela Waypoint.

A cobertura de nuvens foi aumentando durante todo o dia e o barômetro indicou uma tendência de baixa. De madrugada, por volta das 03h00, entrou uma pré-frontal no Rio de Janeiro com muitos raios, muito vento e chuva pesada! O barômetro despencou de 1018 para 1010 milibares.

Pela manhã, caia uma chuva fina na Baia da Guanabara, e assim ficou durante o dia. As 16h00, com um vento de Noroeste fraco e céu ainda ameaçador largamos os cabos, seguindo viagem para Salvador, agora com tripulação completa. Adriano, nosso cozinheiro; Adenilson no convés; Veronesi nas máquinas, eu e Elton, nosso “quinto-elemento”, um reforço necessário para este tipo de cruzeiro, pois auxilia em todos os serviços de bordo.

As 16h50 montamos a Ilha do Pai, com vento Sudoeste de 12 nós e mar começando a tomar direção, mas ainda com pequenas vagas.

Após o anoitecer, o vento rondou para Sueste e aumentou de intensidade, chegando próximo dos 30 nós reais, fazendo nossa velocidade cair abaixo dos 8.0 nós.

Diferente da narrativa de uma viagem em barco à vela, onde o mar e o vento influência de forma contundente as manobras e os rumos, em um barco a motor nossa preocupação maior é com a singradura, ou seja o número de milhas que conseguimos vencer a cada dia, e a importante tarefa de vigilância externa, desviando de navios e outros alvos que constantemente surgem pelo nosso caminho.

No Iate/Motor Gattina, mantemos nosso Radar Banda S (mais confiável quando nos afastamos da costa) em funcionamento durante quase toda a viagem. Além dele, o plotador de cartas eletrônicas e outros equipamentos, como rádios VHF e SSB, além do AIS, um transponder que permite identificar as embarcações comerciais à nossa volta, e que também identifica nosso barco para todas as outras embarcações, o que trás muito mais segurança em nossa navegação. Fora os equipamentos, mantemos quartos de vigilância permanentes, onde os tripulantes se revezam dia e noite.
 

Domingo, 27 de Janeiro de 2013.

Eram 23h45 quando montamos o Cabo Frio e colocamos nossa proa rumo a um ponto ao largo do cabo de São Tomé, num rumo praticamente Nordeste. O vento continuou de Sudeste, e seguimos viagem, pouco abaixo dos dez nós e com muitos balanços, devido ao mar de través (de lado).

Pouco depois das 05h00 um rebocador de nome Norsul Crateús acabou passando muito próximo, a 0.4 de milha, entre nós e outro rebocador que descia a costa.

Após clarear, pudemos ver que o mar havia crescido e que tínhamos algo entre os mares de estado III e IV, quando os carneirinhos se tornam bastante freqüentes. Seguimos por toda a manhã com baixa visibilidade, na casa dos cinco a dez quilômetros e muito tráfego de apoio marítimo, com rebocadores indo e vindo entre as plataformas da Bacia de Campos e a base na cidade de Macaé. As 10h35 mudamos nosso rumo para os Abrolhos, deixando para trás um dos trechos mais complicados de nosso litoral.

As 19h00 cruzamos com o navio Blue Angel conseguindo conversar via radio, com meu grande amigo, o Comandante Pedro Podboy, que cruzou conosco em sua navegação rumo a uma plataforma mais ao Sul de nossa posição. Começou a chover fino, e o horizonte para os lados de terra, continuava muito carregado, como o foi durante todo o dia.

Por volta das 20h00 houve um problema de aquecimento no gerador de Boreste, e ficamos sem energia por alguns minutos, sendo logo restabelecida. Continuamos durante a noite, mantendo velocidades entre os 9 e os 10 nós e já no litoral Norte do Espírito Santo, deixando Vitória pela esteira.
 

Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2013.

Durante parte da noite, desviamos de plataformas e rebocadores, mantendo nosso rumo para os Abrolhos.

O mar continuava um pouco encrespado, e o vento do quadrante Sul, permitia uma viagem um pouco mais confortável. Passamos pelos Abrolhos, as 14h00 e rumamos para um ponto mais ao Norte, ao largo de Belmonte.

A Bahia nos brindou com céu claro, e tivemos o primeiro por do sol descente, desde a saída do Rio. Uma brisa de Leste se manteve fraca, não impedindo o nosso bom andamento.
 

Terça-feira, 29 de Janeiro de 2013.

Amanheceu e encontramos mar liso e brisa suave de terra, nossa marcha se mantinha na casa dos 9 nós. Pirajás, as conhecidas nuvens de chuva de verão da Bahia nos cercavam por todos os lados, mas nenhuma ameaça que não fosse um pouco de chuva rápida.

A navegação correu tranqüila o dia todo, já com Salvador em nosso rumo direto. As 20h00 atrasamos os relógios em uma hora, acertando com o fuso da Bahia, que não adota o horário de verão.

Poucos minutos após as 23h00, largamos nossa âncora e trinta metros de corrente de amarra, em frente a entrada do molhe de proteção da Bahia Marina em Salvador, sob céu estrelado e os acordes dos trios elétricos que acertavam o som na Cidade Alta, alguns dias antes do Carnaval.

Nosso log registrava 810 milhas, desde Angra dos Reis.


Quarta-feira, 30 de janeiro de 2013.

Nas primeiras duas horas do dia, repusemos o diesel consumido na viagem de ida a Salvador, e após um golpe de sorte, conseguimos uma vaga na cabeceira C da Bahia Marina, atracando o Gattina, as 08h25 de uma manhã radiante.

Encontrar um cais com água doce é muito importante após qualquer travessia, pois o sal tem o poder de penetrar em toda e qualquer fresta de uma embarcação. Como, muito em breve iríamos receber convidados, era necessária uma faxina total do barco, interna e externa, além de abastecer as geladeiras com os víveres necessários às próximas semanas, quando serviríamos dezenas de refeições.

 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Preparando a Partida de Angra para Salvador


23 de Janeiro de 2013

 

Preparação para Partida de Angra dos Reis

Após uma semana de preparação intensa para realização de um cruzeiro no litoral da Bahia, registrávamos em nosso Log Geral a marca de 36.000 milhas navegadas antes mesmo desta partida, quando então zeramos o Contador de Milhas do NavNet Furuno, a fim de registrar as novas milhas que viriam.

Fizemos as compras de todos os alimentos congelados, secos, enlatados e bebidas para um roteiro de trinta dias, com lotação quase que máxima à bordo, e ainda as frutas e verduras necessárias a travessia da tripulação rumo a Salvador.

A previsão do tempo indicou que encontraríamos vento Leste fraco entre Angra e Rio, mas que a passagem de uma frente fria deveria permitir uma subida até os Abrolhos, com vento favorável.

24 de Janeiro de 2013

Amanheceu com um céu tingido de vermelho, o que significa mudança de tempo próxima, e pouco antes das 07h00 largamos nossa vaga na Marina do Piratas, rumo ao Posto Flutuante Golfinho, onde completamos nossos tanques de diesel, e embarcamos sete baldes de 20 litros de óleo lubrificante. Como houve uma pequena sobra no abastecimento, destinamos 95 litros de diesel para nosso barco de apoio, o bote de 26 pés, Verde&Rosa que viajaria no reboque durante toda a viagem.

Terminado o abastecimento, nos dirigimos a um canto da Ilha da Gipóia onde realizamos uma pequena limpeza nos eixos, hélices e lemes, a fim de permitir uma navegação mais econômica.

Era meio-dia quando nos colocamos a caminho do Rio, com quatro tripulantes à bordo, visto que o cozinheiro seguiria de automóvel. As 14h30 montamos a Ponta Grossa da Marambaia e encontramos uma Lestada razoável pela proa, fazendo cair a velocidade em mais de um nó!

Quando anoiteceu, já estávamos adiante da Ilha Rasa de Guaratiba, e entramos à Barra Pequena do Rio de Janeiro, as 21h00, fundeando nas proximidades do ICRJ logo depois.

Apesar do mar e do vento, mantivemos a marcha media de 7,9 nós. O resultado não foi dos piores, visto que o barco estava bem pesado e ainda levávamos um bote de quase três toneladas pela popa.

Como durante a travessia, fomos informados pelo Flavio da Sala de Radio, que havíamos conseguido uma vaga na Marina da Gloria para a manhã seguinte, deixamos tudo pronto para a atracação logo cedo.

Dia 25 de Janeiro de 2013.

Entre as 07h00 e as 07h35 suspendemos, entramos na Marina da Gloria e atracamos na Vaga 01 da Orla B, onde o Falcão costuma nos receber em nossas muitas vindas ao Rio.

Nosso Log registrava 80.3 milhas navegadas, desde o Piratas.

 

 

domingo, 28 de abril de 2013

The Boat is on the Table!


Os estrangeiros estão chegando! Na realidade, estão aqui faz um bom tempo, utilizando estaleiros brasileiros como laboratorios, aprendendo nosso modo de se relacionar com as aguas, e se aprimorando no sentido de tropicalizar seus barcos, adequando-os ao nosso mercado.

De uns tempos para cá, as matrizes europeias e norte-americanas dos estaleiros, começaram a se movimentar, e com a aparente abertura de nosso mercado, desovaram aqui não somente os barcos acumulados no estoque (encalhados é uma expressão que não se deve usar), pela crise financeira internacional, mas também projetos de plantas industriais, que estão em fase de instalação e algumas até de funcionamento no Rio, São Paulo e Santa Catarina, principalmente.

Por outro lado, alguns estaleiros brasileiros – antes dedicados apenas aos barcos de recreio, resolveram atender a demanda de um outro mercado, e estão “batendo quilhas” de barcos de serviço, geralmente encomendados pela gigante estatal Petrobras ou por suas contratadas. São barcos de transporte de tripulantes, rebocadores, lanchas de apoio, barcos de mergulho e todo o tipo de embarcação de trabalho, geralmente de casco metálico e acabamento espartano, o que não colabora muito para que ganhemos conhecimento (Know-how) no competitivo mercado da construção de Super e Mega Iates, dominado pelos estaleiros do Hemisfério Norte, além de alguns poucos da Oceânia.

Esta situação não deve mudar nos próximos tempos, pois o petroleo vem tomando todos os espaços sob e sobre as aguas, visto que até algumas marinas tem tido a infeliz ideia de abrir espaço em suas vagas, para receber Barcos de Serviço ou mesmo de Transporte de Passageiros. A maioria de cascos metálicos, com defensas e balrroas de borracha, manobras às vezes complexas, cabos de amarração desproporcionais e tripulações não adaptadas ao novo ambiente.

Porém, uma segunda leva de barcos deve aparecer por aqui, não demora muito. Os Super e Mega Yachts, dedicados à operação de Charter, algo ainda inexistente, mas que deixa avidos seus operadores, visto que é um mercado quase virgem, e um destino ainda não trabalhado. No passado, recente ou não, vimos varios barcos gigantescos circulando em nossas baias, todos pertencentes a grandes empresarios das comunicações, informática e petroleo estrangeiros, mas poucos se comparados a pequenas ilhas do Caribe, onde marinas acotoveladas umas as outras, recebem estes gigantes multimilionarios, dedicados a mais luxuosa (e talvez cara) forma de turismo jamais criada, o Charter em Super e Megayachts!

Porém, nosso mercado não se manteve virgem por tanto tempo de forma inocente. A legislação brasileira criou uma serie de impecilios à operação deste tipo de barco, e a burocracia praticamente bloqueia sua penetração em nossas aguas. Não levando em consideração o aspecto de entrada, com finalidade comercial, o que já seria um problema a mais relativo à vinda destes barcos, sabemos que o ideal para os operadores, seria entrarem no Brasil como um inocente barco de passeio, ficando por aqui o tempo permitido, e realizando o Charter Comercial clandestino em nossas águas.

Porém, a quilha é mais embaixo, para que possam operar no Brasil, precisam ter uma empresa que os afrete por aqui, somente assim a Receita Federal vai permitir que operem em nosso litoral. Seus tripulantes, sempre estrangeiros, tem de obedecer às nossas regras de imigração e, como aquaviários estrangeiros, terão os sindicatos locais em seu portaló, exigindo uma cota mínima de tripulação brasileira, que infelizmente não tem a menor noção do que é tripular um iate de luxo, e bota muito luxo nisto.

As Marinas, as poucas que temos, não têm em sua maioria, a menor possibilidade de atender a este tipo de embarcação, que demanda um cais seguro, para atracação ao longo do costado (é assim que fazem na America do Norte), precisam de muita água de qualidade e boa pressão, fornecimento de diesel de qualidade e preferencialmente sem impostos. Quanto a energia, são necessarias ao menos duas tomadas de 100 Amp, uma para o ar condicionado e outra para o restante do barco, o que costuma bastar.

Como se isto não fosse o bastante, faltam fornecedores de bebidas, comida, reparos e tudo o mais que envolve uma logistica que precisa ser 100% à proa de falhas, pois o valor pago pelo aluguel, não permite erros. Na Europa e America do Norte, existem varias empresas que entregam em seu portaló todos os melhores rótulos de bebidas, das melhores procedências. Queijos, carnes, trufas frescas, pescados de todos os tipos, caviares, embutidos da melhor qualidade e conservas como pesto de nozes, atum e botarga de Favignana, antepastos de berinjela, além de frutas e verduras premium, que deixariam qualquer cozinheiro feliz.

Enquanto isto não vem, continuaremos alugando (por preços exorbitantes) barcos mal tratados, tripulados por pessoas mal vestidas, invariavelmente mal treinadas, geralmente mal remuneradas e que não falam nenhum outro idioma.

Por fim, esquecemos que estes barcos não irão nos contratar, pois nossos tripulantes raramente possuem habilitações de nível internacional, o que os impedirá de embarcar, restando lavar os barcos e realizar pequenos bicos. Assim, manteremos nosso padrão de destino exótico, quase colonial, onde toda a precariedade e natural simpatia são desculpas aceitas para nossa crônica falta de profissionalismo!

Cabe a Marinha do Brasil, reconhecer a existência do Iatismo Profissional no Brasil, adotando as categorias já existentes no mundo desenvolvido, e nos dando a chance de disputar com os estrangeiros, esta nova “abertura dos portos para as nações amigas”!