Próximo do Reveillon 2012, a garoa fina escondia dois navios enormes, o Torm Venture de 230 metros de comprimento e 14 metros de calado, e o italiano Mare Picenum. Eles estavam amarrados, bordo a bordo, seguros pela mesma âncora e distantes de qualquer apoio de terra ou rebocadores de apoio, que tivessem condição de separá-los em caso de acidente, tipo um incêndio. Entre eles, além dos cabos de amarração, um mangote por onde eram bombeados milhares de litros de petroleo (ou coisa semelhante) a cada hora.
A tal da troca de fluidos comentada, é nada mais nada menos do que a transferência de petroleo entre os navios, opção adotada quando o terminal se encontra congestionado, o que não sabemos informar, ou mesmo para diminuir os custos de operação, manobra, atracação e estadia. Sabemos, porém que esta prática resulta em um alto risco ambiental, e que qualquer acidente resultara em uma enorme perda para toda a região, algo que ninguém deseja.Cenas como esta, me trouxeram à memoria que em 1979, no porto de Kakogawa, acompanhei surpreso o envolvimento do navio Japurá, da mesma Petrobras, com 273 metros de comprimento e 45 metros de largura, por um cordão de boias de contenção, algo que já se utilizava no Japão naquela época, e que ainda hoje não se utiliza por aqui. O supreentente é que o Japurá estava carregado de minerio de ferro e não petroleo, e o cordão era para reter qualquer espécie de vazamento originado pelo navio, e não um possivel acidente de bombeamento.
Se considera isto tudo natural, pense em dois caminhões-tanque de gasolina: um cheio, parado no calçadão e outro vazio, em desnível, na areia da Praia de Copacabana, um passando o conteudo inflamavel e poluente de seu tanque para o outro, agora me diga se não é uma temeridade este tipo de manobra.Parece que continuamos acreditando que somos naturalmente abençoados por Deus, e não precisamos de nos preocupar com a segurança, e que já nos esquecemos de outras tragédias ambientais, como as causadas pelas chuvas nos dois ultimos finais de ano, entre outras. Pergunto, até quando iremos contar apenas com a sorte, visto que o bom senso não é, nem nunca foi o nosso forte?