Alguns anos atrás, meu grande
amigo, estava se preparando para partir em solitário em seu veleiro Multichine
28, rumo a distante e gélida Cape Town. Na ocasião, resolvi presenteá-lo
antecipadamente, pois iria passar seu aniversário em meio as enormes vagas do
Atlântico Sul.
Conhecendo sua queda por um
determinado doce, comprei duas latas de doce de coco, uma do branco e outra do
queimado. Retirei os rótulos e embrulhei as duas como num cilindro, para que não
pudesse identificar o conteúdo do embrulho. Anotei em letras grandes: Para ser
aberto no seu Aniversário.
Dias atrás, assistindo um
programa de vela na TV, acompanhei os preparativos da partida de um aventureiro
celebridade da Nova Zelândia. O tal pop-sailor, provavelmente apadrinhado por
um enorme patrocínio, embarcou em um veleiro de aproximadamente 70 pés, todo
automatizado, cheirando a estaleiro e seguiu pelo Mar da Tasmânia ou outra
passagem entre as ilhas do Pacifico.
Porém, o que me chamou a atenção,
foi que na noite anterior à partida, os amigos se reuniram à bordo para a festa
de despedida, levando consigo algumas latas sem rótulo, anotadas apenas com o
nome do “presenteador” e a data de validade do produto. Mais ou menos como fiz,
como acima comentado.
De agora em diante, quando
alguém me convidar para o lançamento de um barco de cruzeiro, seja a vela ou
motor, pretendo levar algumas latas de algo bem saboroso, para que a pessoa
abra a mesma quando estiver em um lugar especial, seja numa linda baia ao
entardecer, como nos primeiro momentos de relaxamento após uma baita
tempestade.
Anote ai:
1.
Escolha uma lata de
algo bem saboroso (o que as vezes pode ser difícil);
2.
Retire o rótulo;
3.
Anote o seu nome e a
data de validade do produto;
4.
Leve para bordo acompanhado
daquilo que for beber a bordo, no “Bota Fora” de seu amigo cruzeirista;
Tenha certeza que será bem
lembrado, e por um longo tempo.
Retornando ao meu amigo, no dia
do seu aniversário, em meio a uma baita tormenta, ele desembrulhou o pacote a
após abrir a lata-surpresa foi apanhado por uma vaga e acabou deixando cair o
precioso conteúdo sobre o piso salpicado de oceano do oscilante barco. Porém,
naquela latitude e condições foi obrigado a recolher tudinho e comer de
qualquer forma, não havia como abrir mão de tal delicia, mesmo temperada de
sal. Certamente, ele irá se lembrar da surpresa e da experiência, para todo
sempre!
Acredito que seja uma Tradição a
ser adotada, não minha e nem dos Neozelandeses, mas simplesmente de gente do
mar!
Bons Ventos!