terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Primeiro Apito Longo

Reza a tradição, que ao ouvirem o navio dar o primeiro apito longo, todos passageiros e tripulantes, devem retornar para bordo, pois a manobra de desatracação vai começar. Em nosso caso, isto aconteceu nas primeiras horas de 2012, quando foi confirmada nossa programação do ano. Em Fevereiro, deverá acontecer uma pequena viagem pelo Litoral do Brasil, e em Novembro, partiremos para o Caribe.
Como este projeto já vinha sendo tratado faz um bom tempo, não houve surpresa e, de toda forma, já vinhamos tomando as providências preparatórias desde meados de 2011, quando docamos o barco e realizamos vários reparos em preparação à longa viagem que deverá acontecer a partir do final de 2012.

Como primeira providência, começamos a rascunhar o cronograma de preparação, que inclui a verificação da validade de passaportes e vistos, a documentação e o Seguro Internacional do barco, a antecipação das férias da tripulação, planejamento da próxima docagem, a compra de sobressalentes e lubrificantes, e tudo mais que envolve uma ausência, navegando para fora do pais, por até dois anos.
Sabemos que a Estação de Furacões, termina oficialmente no final de Novembro, portanto deveremos partir de Angra dos Reis no inicio do mesmo mês, realizando duas escalas de abastecimento até que cheguemos a Trinidad, ou outra ilha da região, já livres (em teoria) deste perigoso fenômeno meteorológico. Em 2009, quando empreendemos uma viagem semelhante a esta, fizemos uma pernada até Fortaleza, e outra até Grenada, porém nesta próxima viagem levaremos a reboque um barco de apoio de 26 pés, que abastecido chega a quase três toneladas, o que deve roubar 10% de nossa autonomia, portanto iremos realizar uma outra parada de abastecimento, provavelmente na Guyana Francesa, a única de sua colonias de ultramar, onde os brasileiros ainda precisam de visto.

Como esta pernada seria grande demais para nosso raio de ação, estamos prevendo outra parada de abastecimento no Nordeste do Brasil, em Recife, Natal ou Cabedelo na Paraiba. Lamentavelmente, após Salvador não existem outros postos de abastecimento, que não sejam precarios demais para se encostar um Iate, portanto devemos arrumar um cais de serviço, ou em último caso atracar no cais comercial, o que seria a pior opção devido à complicada burocracia envolvida. Quando se fala em turismo náutico no Brasil, não se pensa no mais básico do básico, que é poder abastecer um barco.
Rascunhadas as escalas, iremos passar a identificar fornecedores de combustível nos portos anotados, e quem tiver a melhor opção de atracação, qualidade de serviço e pontualidade de fornecimento, deverá ser o escolhido. Em nossa última viagem, tratamos um fornecedor nacional com mais de um mês de antecedencia, e com quem já tinhamos feito negocios anteriormente. Porém, nem caminhão e nem diesel após varios dias de estadia, aguardando numa marina, e já contabilizando dias de atraso em nossa programação. Desistimos e passamos a tratar com a Petrobras, que depois de alguns pequenos desencontros, acabou nos abastecendo.

A precariedade de nossa infraestrutura é um dos maiores impedimentos a vinda de Iates de qualquer porte ao Brasil, e é fato que em nosso litoral, são raros os trapiches em condições de receber botes, e permitir o desembarque em segurança de turistas e passageiros, apenas como exemplo: Maceió e Parati estão entre as muitas cidades na berlinda, que são destinos turisticos, que mal tem ligação rodoviaria, quanto mais algo descente voltado para receber embarcações de recreio...
Outra providência muito importante, é fazer as listas de alimentos, com os necessários à viagem propriamente dita, e também para nos confortar durante a enorme ausência, e isto inclui quilos e mais quilos de café, farinha de mandioca e açucar, entre outros itens, como picanha, linguiças, carne seca e uma certa quantidade de cachaça, que utilizamos como presente, para pessoas que nos atendam de maneira especial.

Mesmo com vários meses de antecedência, os muitos detalhes precisam ser atendidos, pois a aventura pode ser maluca, não o aventureiro (frase que ouvi certa vez, numa Adventure Sport Fair).
Bon Voyage