Estamos
quase encerrando o verão 2018, e felizmente não registramos as tragédias de
2017, quando um número enorme de embarcações pegou fogo, e contabilizamos além
das perdas materiais, algumas lamentáveis vítimas fatais. Afinal de contas, uma
atividade de laser não deveria envolver riscos a seu patrimônio, e muito menos
à sua família. Infelizmente, não é o que acontece.
Nestas
horas, surge a pergunta: será que meu barco é seguro? Será que posso sair
despreocupadamente para passear, sem ter de viver um pesadelo? A resposta está
na atitude de cada proprietário de embarcação, algo que nem sempre é levado a
serio.
Uma
lancha a gasolina costuma custar bem menos do que uma a diesel, porém alguns
cuidados precisam ser tomados, para que nada de mal aconteça. SEMPRE, antes de
dar partida no ou nos motores, é mandatório abrir a tampa dos motores. Não
confie na ventilação forçada, o blower,
como solução para qualquer eventualidade. Sabemos que os gases da gasolina
podem se acumular no fundo do barco, e uma fagulha pode causar uma enorme
explosão. Mangueiras de combustível baratas, podem ressecar e vazar o
combustível pelo porão, e o resultado pode ser o mesmo.
Imagine
a situação: a família embarca e seus filhos de aboletam no solarium de popa. Você pensa e tenta abrir a tampa, sob os
colchonetes, mas a choradeira é geral e você aciona a ignição, com as tampas
fechadas. Se nada de errado acontecer, bem. Caso contrário, poderá perder sua
vida com a economia de um momento de “chatice”. Em minha vida profissional, de
quase quarenta anos, já fui chamado de “tio”, “chato” ou metódico inúmeras
vezes, porém nunca perdi nenhum tripulante ou passageiro por seguir regras de
segurança.
Vazamentos de combustível é
apenas um dos problemas que podem acontecer, mas existem vários outros.
Extintores vazios ou vencidos, é outra ocorrência bastante comum. Desde que as
Capitanias deixaram de fazer as vistorias anuais, ninguém mais se preocupa com
os extintores. Falha muito comum é deixá-los embrulhados em plástico transparente,
esperando que isto evite a corrosão. Ledo engano, é desta forma que eles são
corroídos mais rapidamente. Se quer conserva-los, melhor seria aplicar um leve
borrifo de silicone ou vaselina líquida sobre toda a superfície, mas nunca
deixar de realizar o controle e verificação de carga e estado do cilindro.
Diferente dos automóveis, a possibilidade de evitar um incêndio a bordo é real.
Se imaginarmos uma explosão no
compartimento dos motores, um pequeno extintor de dois quilos, pouco poderá
fazer. Porém, quando algo começa a fazer fumaça na cabine, e se inicia um
incêndio que pode trazer consequências enormes, o extintor pode realmente
salvar a situação.
O ideal é sempre desligar as
chaves de energia, cortando a alimentação do barco, e com isto evitando que o
maior causador de incêndios, perca sua alimentação. Realmente, a parte elétrica
de um barco é seu maior perigo. Contatos mal apertados, emendas sem isolamento,
aquecimento devido a falhas no dimensionamento dos cabos, estão entre as
principais causas. Não esqueça que barcos de fibra-de-vidro, são na realidade,
barcos de plástico reforçado com fibra de vidro, onde não raramente, cerca de
70% do casco é resina plástica. Plástico inflama, e muito!
Por fim, e não menos importante
é outro tipo de combustível, o álcool. Infelizmente, é muitíssimo comum as
pessoas pilotarem sob efeito da embriaguez causada pela ingestão de álcool. Não
há como passar uma jornada de domingo totalmente “careta”, afinal de contas os
barcos são o melhor meio de relaxamento de que as pessoas dispõe. Calor, gente
bonita, água morna, churrasco na popa, comidinhas fritas, frutos do mar e muita
caipirinha, cerveja e espumante, dependendo do caixa de bordo! Agora, se você
paga um tripulante para sair com você, é evidente que é para ele conduzir o
barco “em segurança para o porto de regresso”. Esqueça que sabe pilotar, e faça
de conta que está na cidade, e que o bloqueio da Lei Seca pode lhe pegar na
primeira esquina. Deite no colchonete, desligue a macheza e relaxe.
Evidentemente, se for pernoitar
fundeado e não oferecer riscos a terceiros, vai fundo! Apenas, esteja seguro
que o tempo está firme, e que não vai ter de manobrar às pressas, no meio da
noite, com um baita de um Sudoeste arrastando seu barco para perto das pedras.
Certa vez, entrou uma porranca dentro do Saco do Céu, e amanheci com três
veleiros enrolados no meu cabo de âncora. Eles foram arrastados pelo vento, e
como a noite anterior havia sido da pesada, não tivemos como acordar as
tripulações, esperando o dia raiar e que os mesmos voltassem a “funcionar”.
Demoraram um pouco para compreender o que havia acontecido, mas aos poucos
manobraram e partiram, sem avarias. Se não fosse nossa amarra, teriam arrastado
até a margem.
Com estes poucos cuidados,
poderemos evitar os maiores causadores de acidentes a bordo. Gases inflamáveis,
negligência e direção perigosa. Simples assim.
Bons Ventos!
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