domingo, 8 de janeiro de 2012

Regras Para Que Te Quero

De todo o emaranhado de regras que costumamos enfrentar em nossas atividades, uma voltada a Navegação, não recebe a devida atenção – o RIPEAM – Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar, traduzindo: é um regulamento internacional, criado para que as embarcações não colidam entre si, e não apenas os Navios, como erradamente se pensa. É também comum chamar de abalroamento, apenas quando uma das embarcações esta parada e a “agressora” esta em movimento, porém colisão ou abalroamento significam a mesma coisa.

No mar as regras são válidas para todos, seja lá de que tamanho for da embarcação, ou como diz a Regra 3: a palavra “embarcação” designa qualquer engenho ou aparelho, inclusive veículos sem calado e hidroaviões (quando na superficie, é claro), usados ou capazes de serem usados para meio de transporte sobre a água.” Por consequência, um flutuante do tipo banana, uma prancha a remo ou um gigantesco petroleiro devem seguir as mesmas regras.

Navegando na Baia da Ilha Grande, num dia qualquer de verão, podemos vivenciar varios exemplos do que não se deve fazer ao pilotar uma embarcação! Os exemplos são muitos, lanchas que acreditam ser a velocidade a regra máxima, pois te cortam de todos os lados, e vez por outra uma manobra errada, gera outra em sequência e é de se admirar como não se colide com mais frequência. Outro fato bastante comum é quando os veleiros ligam seus motores e sem içar suas velas, saem navegando pela região, considerando que por serem veleiros tem permanente preferência sobre as outras embarcações, o que não é uma realidade.

Depois que o sol se põe a coisa piora, lanchas com suas irregulares estrobos riscam a baia para todos os lados, mantendo a velocidade que utilizam durante o dia, o que já seria de se considerar um agravante; fora alguns barcos de pesca, que fazem seu arrastão clandestino incógnitos, escondidos pela escuridão, mantendo suas luzes apagadas o tempo todo, com medo da fiscalização.

Como as regras do RIPEAM, costumam se perder nos subterraneos de nossa memória, a DPC colocou no ar uma animação, que devemos considerar como uma ótima ferramenta de treinamento, onde as situações de manobra acontecem de forma simulada, e bastante interessante.

Veja em https://www.mar.mil.br/5dn/flash/navegue.htm

Lamentavelmente, quando estamos navegando, as situações acontecem em nosso plano, e não vistos de cima como o quase game da Marinha, e identificar luzes e rumos num mar nem sempre tranquilo, é bastante complicado, principalmente quando envolve barcos de pesca, com suas fortes luzes e rumos aleatórios, ou mesmo iates pilotados por navegadores enferrujados ou, pelo menos inconsequentes.

O verão chegou: Um Olho na Proa e outro no Porão!


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eles querem invadir nossa praia?!!

Por centenas de anos a Europa ignorou solenemente nossa existencia, e somos considerados ainda, como um local para férias exóticas, para não dizer de aventura, o que não é propriamente uma inverdade.

No mercado nautico, os estaleiros europeus não consideravam que até então aqui existia sequer um mercado! Visitantes brasileiros, a Boat Shows no exterior eram tratados de maneira, pelo menos desatenta, e precisavam de algum tipo de apresentação especial, para ter acesso a estandes e barcos.
De uns tempos para cá, a coisa toda mudou, e estaleiros dos mais tradicionais, agoram caçam os possiveis clientes do emergente Brazil, como abelhas no mel. Mas não são apenas eles, agora as tripulações desempregadas de além-mar também estão chegando, em busca de barcos para tripular.
Nos anos 1990, de posse de um Passaporte Europeu, vivi a experiência de procurar um barco nas aguas do Mediterrâneo, mais precisamente na Italia. Consegui alguns bicos, fiz uns delivers, pintei alguns fundos, trabalhei de última hora em um veleiro de charter como skipper, e tive uma grande oferta de trabalho, em um bom e famoso barco que, todavia não estava na Europa, e sim na distante Indonesia, aventura que não pretendia empreender, pois meu plano na época era firmar residência na terra dos meus antepassados.
Ao realizar meus contatos, notei que as maiores dificuldades que eu tinha eram: ser analfabeto funcional, pois falava italiano, mas lia precariamente e nada escrevia; tinha uma Licença Profissional Internacional e conhecimento técnico, mas pouco conhecia do litoral italiano ou ainda menos do resto do Mediterrâneo; por fim não deixava de ser um estrangeiro...
Recentemente, percebi uma avalanche de Resumes, enviados por Capitães ingleses e de outros paises europeus, todos MCA, com grande experiência internacional e praticamente as mesmas deficiências que eu tinha naquela época, em que a economia do Brasil patinava, e eu tentei o dito Primeiro Mundo. A diferença talvez é que nós, enquanto “colonia”, sempre tratamos melhor quem vem do Primeiro Mundo. É chique ter um comandante inglês, tanto aqui como lá.
Algumas das perguntas que devemos fazer são:
Os gringos toparão servir brasileiros, como seus iguais? Eles vão conseguir montar, treinar e administrar uma tripulação brasileira? Ou sera que vão achar uma equipe bilingue para fazê-lo? Sabem fazer caipirinha? Carregam malas? São bons de churrasco? Sabem administrar as necessidades sem uma agencia ou fornecedor de iates? Entrarão pela porta dos fundos nos Iate Clubes, ou por serem estrangeiros serão melhor tratados que nós, os naturais? Finalmente, a Marinha, vai reconhece-los como navegadores amadores, tripulando barcos de recreio no Brasil, ou como profissionais que o são?
Muitas perguntas, e tão poucas respostas, só vendo para saber.