segunda-feira, 30 de maio de 2016

- “Capitão, nosso barco foi alugado para Charter durante as Olimpíadas... te vira!”

Esta frase provavelmente será ouvida por alguns dos responsáveis por iates a vela e a motor de maior porte, que circulam em nosso litoral. Pode parecer radical, mas é por ai que as águas correm neste mercado. Não dispomos de empresas acostumadas a receber clientes de grande cacife e nelas, pessoas pouco experientes tentam organizar os inimagináveis detalhes que envolvem a operação de Charter de um Iate tripulado de grande porte. Nossa infra-estrutura turística esta acostumada com passageiros enviados por operadores de turismo de massa e são poucos os que tiveram a oportunidade de mergulhar no mercado de turismo de luxo, onde o Charter de grandes iates é o que há de mais sofisticado.

O trabalho deve começar no aeroporto, onde o receptivo e traslado até o barco deve ser da forma mais confortável e segura possível. Helicópteros são uma rotina para estes passageiros, e deve fazer parte do pacote. Ao chegar à Marina, carrinhos de golfe para passageiros e bagagem precisam estar à disposição. Se não existirem ou não forem necessários, os carrinhos de bagagem precisam estar prontos e limpos, próximos do estacionamento.

Porém, faremos uma parada no Cerimonial de Chegada para lembrar que, bem antes disto tudo acontecer, o cliente foi consultado e enviou todas suas informações, preferências e restrições alimentares, assim como as bebidas para atendê-lo e que tudo já foi providenciado de acordo. Para fazê-lo, os Comandantes recebem algo em torno de 10 a 15% do valor do aluguel do barco como verba de preparação ou Cash Advanced. Com este caixa, compram-se todos os itens necessários a uma experiência completa: águas importadas, vinhos, champagnes, destilados, charutos, alimentos incluindo queijos, frutos do mar, carnes e todas as frutas, legumes, temperos, sorvetes e doces necessários, tudo absolutamente de primeiríssima qualidade, tarefa nada simples, pois dependendo do local onde se encontra o barco, mal e mal existe um mercado. Na Europa, empresas como a italiana Mansueto, fornecem todo e qualquer item em qualquer porto de Mediterrâneo. Só para mencionar um detalhe que raramente é incluído na preparação dos barcos no Brasil, é que vários arranjos de flores devem enfeitar o barco, sendo substituídos a cada período de aluguel ou quando as mesmas se entregam às exigências de nosso clima (lamento, porém se trata de um item complicado, mas obrigatório).

O Comandante precisa receber antecipadamente o nome dos passageiros, e utilizando as redes sociais fazer uma pesquisa para melhor conhecê-los. Nesta lista é necessário verificar as datas de nascimento e verificar se haverá algum tipo de comemoração familiar, como aniversario de casamento, etc. Nas citadas redes sociais, é possível levantar as características das pessoas, e até mesmo treinar a tripulação em reconhecê-los, sabendo os nomes de cada um.

Nosso caro Comandante deve organizar uma pequena pasta, que será entregue aos novos “hóspedes”, nela deve constar uma folha com a foto, o nome e a função de cada tripulante, além de um pequeno descritivo do barco e as principais características do mesmo, incluindo os brinquedos aquáticos à disposição dos passageiros. Se conseguir uma revista ou Guia (bilíngue) do local em que navegarão completaria o material de apoio. Por falar em tripulação, já comentei no texto anterior sobre este mesmo assunto, e que a relação Passageiro/Tripulante deve ser o mais próxima do empate. Além do Capitão, esperasse que o barco tenha uma Hostess, geralmente uma tripulante jovem e dinâmica, que preferencialmente domine o idioma do passageiro (ou o inglês) e que ficará encarregada da ligação entre a tripulação e o cliente. Na cozinha, nada menos que um Chef de Cozinha de verdade para atendê-los, auxiliado por um tripulante na função de garçom, que deverá cuidar da arrumação das mesas, serviço de bar e talvez até mesmo a arrumação das cabines. No convés, tripulantes cientes dos cuidados com a segurança dos passageiros, sejam adultos, pessoas de idade, crianças ou mesmo animais de estimação!

Voltando ao Cerimonial:

Ao chegar a bordo, o barco deverá estar impecavelmente limpo e brilhando, com a tripulação devidamente uniformizada, e não me refiro à simples camisetas estampadas com o nome do barco, mas algo que se possa chamar de uniforme completo, bermudas, bonés, cintos, camisetas e talvez até calçados de bom padrão. Tripulantes bem barbeados e no melhor de sua apresentação.

Enquanto as bagagens seguem para as cabines, o Capitão oferece o chamado Welcome drink, invariavelmente composto de um bom Champagne e canapés da melhor qualidade, do tipo: salmão defumado, caviar, camarões ou qualquer outro ingrediente de primeira linha, que precisa estar dignamente bem apresentado.

Daqui em diante, começa o trabalho de tripulação propriamente dito, e quando a influência da agencia ou qualquer outro intermediário é interrompido, e sobre isto, falaremos em outra oportunidade.


terça-feira, 12 de abril de 2016

Horizonte nebuloso para o Charter de Iates nas Olimpíadas brasileiras.

Considerada como a mais luxuosa forma de turismo sobre a superfície de nosso planeta, o aluguel de grandes embarcações, sempre foi considerado como algo distante da realidade de nossos proprietários de embarcações. Sabemos que o principal motivo desta atividade não ser considerada por muitos, é o inconfessável ciúme de suas embarcações, mas isto é outro assunto.

Tido como a atividade comercial que impulsionou o renascimento da construção de iates, principalmente na Europa, desde que os nobres árabes diminuíram suas compras na distante década de 1990. Os estaleiros europeus e norte-americanos passaram a se dedicar à construção de iates cada vez maiores e mais sofisticados, que geridos da maneira apropriada tem seu custo anual zerado, e em muitos casos passam mesmo a gerar uma enorme receita a seus proprietários, a ponto de muitas empresas hoje se dedicarem exclusivamente a operar grandes frotas de Super e Megayachts de aluguel.

Estes barcos, cujo valor unitário pode ultrapassar a cada dos Cem Milhões de Euros, operam nas águas do mundo todo, tendo o Mediterrâneo como principal área de navegação. O Caribe+Flórida seria o segundo local mais procurado e até mesmo a distante Indonésia é considerada como um mercado de atuação de tais empresas. Porém, quando olhamos para o nosso umbigo, vemos que o aluguel de barcos em nosso imenso (e inóspito) litoral é irrisório, se restringindo a pequenas lanchas de passeios diurnos e algumas companhias que alugam veleiros, notadamente no sistema bareboat (sem tripulação).

O Charter envolve grandes embarcações, grandes investimentos e despesas milionárias. O Annual Report 2012 da publicação inglesa The Superyacht, apontou que no ainda negativo ano de 2011, o faturamento global de todo o trade envolvendo os iates apenas a partir dos 30 metros de comprimento, ou cerca de cem pés, foi de €21.3 Bilhões (R$85 Bilhões). Nada mal para uma frota de estimadas 4.500 embarcações (igual ao nosso rombo das contas públicas em 2015).

Este surpreendente mercado envolvia então 33.000 tripulantes e outros 140.000 trabalhadores em terra. Cerca de 6.000 empresas se dedicavam a construir, reformar e dar manutenção a estas embarcações. Fornecedores de alimentos, bebidas, flores, combustível, lubrificantes, peças de reposição, uniformes, enxovais e acessórios de todos os tipos completavam o leque de participantes, sem falar no aluguel de aeronaves, veículos variados, despesas com restaurantes, compras e lazer em terra.

Enquanto isto, em nosso litoral o número de iates com mais de 30 metros não chega a uma dezena e muitos deles em precárias condições de uso, sempre no que diz respeito ao Charter de alto padrão, sendo que nenhum deles está oficialmente dedicado a esta atividade. Os motivos são vários e bem conhecidos de quem labuta o mundo empresarial brasileiro. Confusão e excesso de burocracia, falta de regulamentação específica, dificuldades com as Seguradoras, qualidade e falta de profissionalização das categorias envolvidas e total ignorância dos players, sejam proprietários, capitães, autoridades e até mesmo da clientela em potencial. Muitos proprietários brasileiros, só estudam alugar para clientes estrangeiros.

Com a aproximação das Olimpíadas, mesmo alguns dos mais ciumentos proprietários, como comentamos acima, acabou cedendo aos encantos das muito elevadas cifras envolvidas, e a possibilidade de alugar seus barcos numa época do ano em que os mesmos permanecem quase ociosos, passou a ser muito atrativa. O problema é que ninguém sabe como atender a este público requintado e exigente, e a possibilidade de sairmos com esta clientela insatisfeita, e o mercado fechado para os próximos anos ou décadas é enorme.
Recentemente, tive contato com alguns barcos que já estão reservados para mais de um pacote de sete dias, todos para o próximo mês de Agosto. Muitos serão utilizados apenas para lobby de patrocinadores, servindo de palco para festas e reuniões, porém outros serão utilizados para passeios em nossas águas e é ai que mora o perigo.

Num barco de charter, a relação entre passageiros e tripulantes é de um para um, mas às vezes existe bem mais do que um tripulante para cada conviva. Nossos barcos costumam ter tripulação bastante reduzida, utilizando tripulantes “multi-função”, algo não muito bem visto neste mercado. A qualidade dos cozinheiros (quando existem) não chega nem perto dos Chefs necessários a trabalhar com o padrão requintado destes hóspedes. Lembremos que a diária a bordo de um Iate de cem pés deve rodar em torno dos US$10mil! Portanto, foie gras, caviar, champagne e outros ingredientes sofisticados são uma regra e não uma curiosidade difícil de ser até mesmo comprada em nosso exótico pais.

Quanto aos comandantes, a imensa maioria não domina outro idioma, nem se considerarmos o “portunhol” como algo louvável. Não embarcamos hostess, uma tripulante que cuida das necessidades dos passageiros, gerando o mínimo de atendimento necessário. Em relação à manutenção, não há como prever o que irá acontecer, pois peças de reposição costumam demorar semanas e não horas para serem encontradas em nossos poucos fornecedores, portanto o risco de paradas técnicas é enorme.

Nós temos o vicio de acreditar que sorrindo resolvemos qualquer dificuldade, e que nossa natural simpatia tem o dom de aplacar qualquer estresse causado por falhas quaisquer, infelizmente quando falamos em clientes estrangeiros, acostumados a ser extremamente bem atendidos as coisas ficam mais complicadas, e pesadas ações de reparação poderão ocorrer.

Temo que, dependendo do resultado das dificuldades encontradas, o Brasil acabe saindo das Olimpíadas com o infeliz título de um pais sem condição de receber este tipo de cliente, e que nos reste permitir que as grandes empresas européias e norte-americanas consigam a já requerida e sonhada isenção de impostos, e que fiquemos à beira do cais, não “a ver navios”, mas a ver Megayachts lotados de tripulantes estrangeiros, restando aos nossos conterrâneos os trabalhos de menor remuneração, apenas para cumprir um perverso sistema de cotas, que nos limita a histórica situação de “colonizados”.




O Navegador Sem Noção I

Desregra Primeira: Não respeitar o RIPEAM 

O RIPEAM (Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar) parece não ser levado  muito em consideração em nossas águas. As pessoas são obrigadas a estudá-lo desde a prova de Arrais, mas parece que depois ele cai no esquecimento. Em sua páginas as ilustrações, explicam de forma prática, a maneira como cada embarcação deve se comportar ao cruzar com outra qualquer, e isto pra dizer pouco. 
Já passei por inúmeras situações de risco devido ao não cumprimento das regras. E olhe que elas são fixadas obrigatoriamente à vista de quem ocupa o posto de pilotagem e portanto não tem desculpa. Na Bahia, no Paraná, no Caribe, em Angra dos Reis e em quase todos os locais por onde já naveguei, vi gente trocando as bolas na hora de guinar. 

Em Angra (e Paranaguá) há um código secreto que é baseado no tamanho da marola do barco que você vai cruzar e sua velocidade em relação a ele. Levando estes importantes dados em consideração, o barco “opositor” guina a boreste ou a bombordo, de acordo com sua própria vontade. 

Como são emocionantes os finais de tarde nos corredores criados entre as ilhas da baia da Ilha Grande! É  barco de tudo que é lado, cada um fazendo o que bem entende e todos utilizando o máximo que seus motores permitem, pois depois de ficarem parados por horas a fio, bebendo, comendo, conversando, azarando e se divertindo, todos são tomados por uma pressa sem limites e decidem que precisam chegar em terra imediatamente. 


À noite a coisa piora! Bólidos irresponsáveis cruzam no breu em alta velocidade. Às vezes sob chuva e em condições de baixa visibilidade, e nestas ocasiões costumam haver os problemas, com colisões, encalhes, abalrroamentos e todo o tipo de acidente. Além de ser lamentável, devemos lembrar que tais acidentes poderiam (na imensa maioria das vezes) ser evitados. 

Concordo que somos obrigados a aprender algumas regras que praticamente não são utilizadas, como linguagem de apitos e outras coisas do gênero, como gongos e badalar de sinos, porém, manobra é segurança e deveria ser levada muito a serio! 

Sabemos que barcos muito grandes e igualmente rápidos geram marolas gigantescas, e que seus pilotos não se preocupam com a esteira que causam, mas para tudo tem limite. Isto me faz lembrar de outra regra que foi bagunçada pelos navegadores: 

- Veleiros tem prioridade sobre barcos a motor. 

Isto é quase um fato, mas apenas quando, de fato, o barco estiver velejando! 

Já passei por esta situação muitas e muitas vezes. Um veleiro vem pelo meu bombordo, belo e faceiro e cruza a minha proa como se fosse o dono do oceano. Porém, apesar de ser um veleiro, esta com as velas arriadas, bem atadas à sua retranca e acredita que apenas por ter um mastro, tem preferência na manobra, o que está bem longe da realidade. Caros velejadores, quando seu barco estiver sendo impulsionado pelo seu próprio motor, você é tão barco a motor como qualquer uma daquelas lanchas que você tanto odeia! A bem da verdade, veleiros não fazem quase marola, mas nem por isso tem “licença poética” para interpretar a regra a seu favor. Se acha que pode, tente fazê-lo com um navio em manobra de aproximação pelo canal. Vais tomar um "buzinaço" e ainda vai ser rebocado na marra pela lancha do prático! Se der tempo, é claro. 

Já tive vários problemas com barcos de todo o tamanho e procedência, já vi barbeiragem de navios, de práticos pilotando navios, de veleiros, de muitas lanchas e eu mesmo já devo ter cometido uma navalhada ou outra, mas evito sempre fazê-lo, ou não teria cabimento estar passando isto para vocês. 

Considero que o RIPEAM deveria ser exaustivamente rememorado, para o bem e a segurança de todos que tem no mar o seu lazer, o seu esporte ou mesmo seu meio de vida. Por fim, as autoridades navais e policiais também deveriam dar o exemplo, exigindo de seus comandados o cumprimento das mesmas regras mencionadas acima, afinal estamos em tempos de paz. 

quarta-feira, 6 de abril de 2016

PALESTRA NO HORIZONTE

No próximo dia 14 de abril, as 18h00, devo realizar uma Palestra no Rio Boat Show na Marina da Gloria. O assunto, como não poderia ser diferente, serão os vários aspectos que envolvem os raros IATES DE CRUZEIRO A MOTOR.

Pretendo falar um pouco sobre um livro que estou finalizando sobre este assunto e também um pouco sobre minha experiência a bordo do Gattina, e sobre as muitas milhas que cruzamos nestes últimos dez anos.

Comentar sobre este modo de vida alternativo, sem que se tenha de abrir mão do conforto, da segurança, dos prazeres da vida e do contato com as pessoas, é a finalidade deste encontro.

Conto com a sua presença.

Bons Ventos!
Alvaro Otranto 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Já dizia Júlio Verne!


Por Alvaro Otranto

Melhor beber um champanhe a 20 mil léguas submarinas que fundeado ou atracado à Marina de Portofino? Sem chance!

Recentemente, publiquei um texto sobre a última moda entre os milionários, que seria a armação de Shadow-boats. Porém, agora aparecem com mais uma boa ideia para tirar dinheiro de gente rica, diga-se muuuuito rica: Mega-iates Submarinos!


Um escritório de projetos está se propondo a realizar o sonho submarino de qualquer mega-multimilionário-excêntrico da face da terra, a construção de um submarino de recreio de até uns 300 metros de comprimento.

Por se tratar de um produto extremamente diferenciado, os detalhes operacionais não estão disponíveis aos meros fuçadores de internet, será necessário agendar uma data e local para um contato direto com os responsáveis desta façanha do design.

Me recordo algumas cenas do filme realizado pelo estúdio Disney na década de 1960, onde ahistória do Capitão Nemo a bordo do Nautilusse desenrolava, éramos levados a imaginar criaturas fantásticas e gigantescas à enormes profundidades, tudo sob a benção do autor e ficcionista Júlio Verne, um homem que quase adivinhou o mundo em que vivemos hoje. O Nautilus tinha um design bastante rebuscado, cheio de serrilhados e com muito conforto a bordo, me lembro de enormes cadeiras de espaldar alto, mobília cheia de rococós e tapetes vermelhos por toda parte do piso. A tripulação se vestia como em um iate de luxo e ao que parece, é este sonho que querem fazer renascer sob a égide da Migaloo, escritório austríaco que propõe este novo rumo para o iatismo... para baixo!

No que diz respeito a uma das finalidades do iatismo, que é o “ver e ser visto”, como ficaria? Montaríamos tendas sobre o convés, faríamos construir marinas de grande calado para receber estes torpedos gigantes? As mesmas passariam a ter rebocadores de grande torque. E o tráfego? As autoridades permitirão que submarinos entrem de suas aguas a qualquer momento e em qualquer local? A que profundidade deverão circular estes bólidos submarinos, que cruzam a mais de vinte nós em total silêncio, pelas profundezas dos oceanos.

O M2, seu menor projeto, possui apenas (como se fosse pouco) 72 metros, mas o M7 pode ter mais do que 283 metros, ou 930 pés; maior que qualquer iate convencional jamais construído.

Para não exagerar, peguemos o modelo intermediário M5. Ele dispõe de heliponto, garagem para todos os tipos de brinquedos incluindo uma comporta para operar dois mini submarinos de 11 metros de comprimento. Adega, sala de jogos e de cinema, spa, ginásio, banheira ao ar livre (quando na superfície, é claro). Já ia esquecendo da biblioteca (é bom ter algum livro à mão, pois abaixo dos dez metros de profundidade as coisas costumam ficar bem escuras). Entre as 32 pessoas que pode transportar, poderá levar o casal proprietário em sua cabine de 300 metros quadrados e mais seis outros casais em Suítes VIP de 65 metros quadrados cada uma.

A bem da verdade, com um calado de sete metros, vai ficar difícil arrumar local em alguma marina badalada, ainda mais com um comprimento de 443 pés! Fico imaginando a tripulação, alguns submarinistas russos aposentados, todos acostumados a ambientes claustrofóbicos.

Quanto a qualidade do produto a ser entregue, pode ficar tranquilo, pois a tecnologia é provida pela empresa Starkad Technologies, não confundir com a Stark Inc. do filme “Homem de Ferro”, pois esta não fica na Califórnia, mas na Estônia (Põhja-Ranna, Vääna-Jõesuuküla, Harkuvald, Harjumaa, 76909). Pode parecer brincadeira, mas a Estônia é considerada um “tigre-báltico”, vizinho da Suécia que vem se tornando um centro internacional no que diz respeito a eletrônica de telecomunicações, incluindo um polo bancado pela OTAN, de combate a invasões de redes, provavelmente devido à sua proximidade da Rússia.


Deixando a política de lado, considero que esta moda vai demorar muito a pegar, mas não descarto que alguém resolva fazer construir algo do gênero, apesar da pouca ou nenhuma praticidade deste tipo de embarcação. Particularmente, gastaria menos construindo um iate convencional, ou melhor, dois! Um para o Caribe e outro para o Mediterrâneo, como dezenas de milionários o fazem atualmente, e desde os anos 1980, quando um famoso milionário mexicano encomendou o Inca e o Asteca, dois iates iguais ao Highlander do empresário Malcolm Forbes, que estava em construção no estaleiro holandês De Vries, na época ele justificou que cada um ficaria de um lado do Atlântico, como comentado.

Agora, para quem prefere nem ver e nem ser visto, talvez algum traficante, pode dar uma olhada no site abaixo, procurando por algo que atenda às suas necessidades. Em tempo, eles também possuem outros projetos, como o de plataformas oceânicas de lazer. Aparentemente, eles transformam uma plataforma de petróleo em um resort de alto-mar, e podem construir sua ilha artificial particular, vale uma olhadela!


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Sombra Chic

Por Alvaro Otranto

Alguns posts atrás, publiquei um texto sobre os “barcos de apoio” conhecidos lá fora por Chase Boats, agora volto ao assunto com algo que fica difícil de batizar em português, de uma forma que não seja “Iate ou Navio de Apoio”, conhecidos lá fora por Shadow Boats.

O chamado Shadow ou SupportVessel nada mais é do que um outro iate, que tem a função de complementar os espaços e a logística do barco-mãe (Motheryacht). Criado inicialmente para dar suporte a Iates que realizavam expedições, passou a ocupar um lugar de destaque no lazer de seus proprietários.

Shadow Yacht em operação

Tudo começa com a construção ou adaptação de um iate ou outra embarcação à nobre função de apoio de um iate-mãe. Dentre suas funções estaria transportar equipamentos e embarcações de menor porte, a fim de atender as necessidades do Iate onde o proprietário e convidados ficariam acomodados. Portanto, sem a necessidade de espaçosas cabines e salões, este volume passaria a ser dedicado a alojar uma quantidade enorme de brinquedos flutuantes, como botes de apoio, lanchas de pesca, motos-aquáticas, infláveis, hidroaviões,  submarinos, pranchas de todos os calibres além de oficinas de reparo, paióis para peças sobressalentes, câmaras frigorificas, despensas para alimentos, lavanderia, ambulatório,spa, academia, central de comunicação, oficina, alojamento para os tripulantes de ambos, mas principalmente algo complicado de se instalar e operar em um “barco-mãe” que seria um amplo heliponto, apto a receber e até estivar e transportar aeronaves de diversos tamanhos.

Os estaleiros europeus não perderam tempo e lançaram vários projetos de barcos de apoio, de 18 a mais de 100 metros de comprimento, com opções dedicadas a todos os tamanhos e necessidades. Porém, não se iluda, estes barcos não são rebocadores forrados de fórmica e cheirando a oficina, são iates diferenciados que possuem elevado padrão de conforto, mesmo não realizando o pernoite do proprietário, pois o mesmo o utiliza como extensão de seu Iate principal, contando com ele para diversões aquáticas, spa, acomodação de mais hóspedes e mesmo para embarque e desembarque através de seu já citado heliponto.

De forma pouco mais econômica, é possível transformar um pequeno navio de apoio e suprimento de plataformas de petróleo, que chamaremos genericamente de Supply Vessel, em um Superyacht Support Vessel. Vale dizer que esta transformação não é das mais baratas, além de herdar equipamentos de propulsão de necessidade duvidosa, como inúmeros motores destinados ao DP-Posicionamento Dinâmico e um consumo de combustível que costuma ser bastante elevado; como vantagem estes navios já nascem atendendo as mais duras regras de segurança e possuem enormes espaços, o que permite instalar o já comentado heliponto com toda a estrutura necessária, assim como garagens e sistemas de lançamento para todo tipo de veículo.

O Thunderbird 2 é utilizado para lançamento de um mini-submarino de passeio

Um fator importante é que o custo de construção de um Iate luxuoso tradicional é bastante elevado, e investir este capital em área construída dedicada exclusivamente ao proprietário e convidados, deixando as áreas técnicas a bordo do barco de apoio, seria o mais inteligente a se fazer. Com isto, sobra mais espaço para piscinas, áreas gourmet, restaurantes, bares, boates e salas de cinema, deixando a oficina, paióis e outros espaços menos cotados de fora.

Apesar de ser uma moda recente, anos atrás visitou a Marina da Gloria a pequena frota de um empresário norte-americano que por aqui passou algum tempo. O barco-mãe tinha algo como 120 pés, e se fazia acompanhar de um trawler de 90 pés, equipado com oficina e despensa, e ainda escoltava uma lancha de pesca esportiva de 70 pés, cuja tripulação se dedicava a pescar Marlins ao redor do mundo, no sistema tag-n-release (pesca-etiqueta e solta, em tradução livre). Assim como ele,hoje em dia vários outros Armadores adotaram este sistema de “flotilha” e o próprio Roman Abramovich encomendou dois SeaAxe’s de 50 metros cada, para apoiar seu Megayacht Eclipse de 162,5 metros (533 pés). Estas “pequenas” embarcações tem velocidade máxima de 28 metros e atendem, segundo consta, às necessidades do armador.

Um é bom, dois é melhor ainda!

A pratica é que o SupportVessel chegue ao local da diversão antes da chegada do Iate-mãe, assim os convidados já irão dispor dos brinquedos quando chegarem ao destino, e não terão de aguardar a tripulação “montar a praia” após terminada a manobra de fundeio.

No Brasil,que a bem da verdade não possui ainda muitos Superiates em suas águas, não se tem notícias que indiquem que algum SSV estará em operação nos próximos meses, mas certamente algo semelhante deverá aparecer por aqui em breve. Levando em consideração que os iates produzidos aqui costumam ter pouco ou nenhum espaço dedicado a manutenção, estocagem de peças e alimentos, sem falar na pobreacomodação de tripulantes, nada impede que possamos identificar lanchas mais antigas, modificadas e passando a servir de apoio para iates de maior porte. Nelas, poderiam ser guardados motos e pranchas, botes e peças, alimentos e bebidas além de permitir até o descanso de tripulantes que passaram a noite acompanhando turmas de jovens em baladas, e que de dia precisam se recuperar para a próxima noitada, enquanto seus pares atendem aos proprietários e convidados de outras gerações, durante o dia.

A bem da verdade, alguns anos atrás uma família de empresários brasileiros comprou e reformou uma grande escuna, que passou a operar uma enorme e muito bem equipada cozinha, apta a atender ao grande número de familiares e convidados dentro de sofisticados padrões gastronômicos. Ela se posiciona em algum lugar da Baia da Ilha Grande e a cada momento um dos barcos da família recorre a ela para consumir alimentos, bebidas e conforto, utilizando-a como um tipo de barco-restaurante privado, que presta apoio especializado a todos. No caso do SSV, eles viajam com o barco-mãe para outras regiões, prestando o suporte logístico necessário a frota, permitindo uma experiência única a seus proprietários.

Um transportador de Flotilha

Seria como enviar o barco de apoio a Fernando de Noronha e ao chegar, você teria um pequeno submarino à sua disposição, assim como uma lancha de pesca e um bote para operação de mergulho autônomo. Caso necessitasse, poderia utilizar o estoque de combustível e agua do barco de apoio e ainda desembarcar (com sorte) um quadriciclo na praia do Porto. Isto sem falar em SUP’s, bicicletas de trilha e até um Ultraleve, tudo para seu deleite.

Ao que parece, este mercado não tem mesmo limite. O que começou com um pequeno bote de apoio, depois virou um Chase e agora cresceu para um Navio de Apoio, também inclui enormes flutuantes rebocáveis, verdadeiras ilhas artificiais onde cantos-gourmet se misturam com piscinas e toboagua gigantes. Quem sabe, no futuro, um magnata deste não vai comprar e adaptar um Porta-aviões, a fim de poder pousar seu jato em seus giros ao redor do mundo.

Mesmo nascendo à sombra de um grande Iate, estes barcos já possuem luz própria e um lugar garantido no mercado, pois aliam mobilidade, estilo, segurança e permitem o acesso ao que há de mais moderno em termos de diversão. 

Tudo em nome de um Mar de muito prazer!


domingo, 17 de janeiro de 2016

NÁUFRAGOS FAMOSOS III

por Alvaro Otranto

Por incrivel que possa parecer, dentre os maiores sobreviventes encontramos alguns dos maiores trapalhões e sortudos dos Sete e outros mares. Alguns deles deveriam ter ficado 171 dias no mar, o que seria mais apropriado às suas historias.

100 dias: Richard Van Pham, o reincidente!

 

Richard Van Pham, natural de Long Beach, California, tinha 62 anos, quando saiu para uma pequena travessia rumo a Ilha de Catalina. A viagem que deveria durar três ou quatro horas foi radicalmente prolongada devido a uma tempestade. O barco perdeu o mastro, as antenas de radio e depois o motor. Impossibilitado de retornar, foi levado pela correnteza e permaneceu a deriva por mais de três meses.

Conseguindo capturar uma tartaruga, utilizou-a como isca para aves que tentavam pegar os pedaços de carne presos ao convés. Ele conseguiu destilar agua com a luz do sol, bebendo o produto e ainda utilizando o sal para conservar carne. Chegou mesmo a cozinhar gaivotas utilizando parte da madeira do barco como combustivel numa fogueira improvisada.

Todos os dias ele vigiava o horizonte a procura de terra ou de outro barco, mas sem sucesso, até que certo dia foi visto por um pequeno avião que notificou as autoridades e algumas horas depois foi resgatado após quase quatro meses no mar.

Devido à fama conseguida pelo seu admiravel feito de sobrevivência, acabou recebendo em doação um barco novo, equipado com tudo o que havia de mais moderno em equipamentos de comunicação e navegação.

Pasme, cerca de dois anos depois, foi encontrado novamente a deriva, após apenas alguns dias de desaparecido, porém sem sinal dos caros equipamentos que havia sido presenteado. Após o resgate, a US Coast Guard o multou por não possuir nem ao menos o equipamento obrigatorio a bordo.

117 dias: Maurice e Marilyn Baily

Marilyn e Maurice partiram de South Hampton num mês de Junho de 1972, em seu veleiro de 31 pés, com o plano de emigrar para a Nova Zelândia. Em fevereiro do ano seguinte passaram pelo Canal do Panamá e uma semana depois enquanto navegavam pelo Pacifico, foram atingidos violentamente por uma baleia. Pelo enorme rombo a água entrava com violência, e imediatamente inflaram sua balsa de abandono e seu bote de apoio.

Rapidamente lançaram para os mesmos tudo o que puderam salvar, levando algumas latas de comida, um fogareiro a gás, carta náutica, bussola, um reservatório de água, passaportes e um estojo de reparo de bote. A bordo e com os dois barcos amarrados entre si, acompanharam o naufrágio de seu veleiro, até então sua casa.

Nos primeiros dias comeram os alimentos em conserva, porém depois se alimentaram de aves marinhas, tartarugas e peixes que conseguiram pescar com equipamento improvisado. As chuvas lhes forneceram água.

Durante o tempo em que estiveram a deriva, contaram sete navios passar ao largo sem ve-los. Os dias se tornaram semanas e depois meses, que foram sendo vencidos. Suas roupas se gastaram, seus infláveis de deterioraram e esforços para mante-los inflados eram contínuos. Feridas se abriram em suas peles ressecadas pelo sol e sal.

No dia 30 de Junho seu martírio chegou ao fim, quando um barco de pesca Coreano viu o pequeno ponto escuro no vasto oceano e resolveu inspecionar de mais perto. Ao se aproximar laçaram a balsa e encontraram em seu interior o casal desmaiado, provavelmente em seus últimos minutos de vida. Cada um perdeu mais de 20 quilos e se encontravam totalmente anêmicos, desidratados e em confusão mental, eles haviam derivado mais de 1.300 milhas.

133 dias: Poon Lim

Poon Lim (25) foi o recordista de sobrevivência no mar por quase sessenta anos. Embarcado em um navio mercante britânico como taifeiro (um tipo de garçon), partiu de Cape Town no dia 23 de novembro de 1942. Torpedeado por um submarino alemão apenas alguns dias após a partida, viu seus 53 companheiros perderem a vida, no rápido naufrágio.

Tendo se atirado antes do afundamento, se manteve a superfície na esperança de achar algum dos barcos salva-vidas. Após quase duas horas pode localizar um, embarcando exausto.

A bordo encontrou um pequeno suprimento de água, biscoitos de ração, alguns foguetes e uma lanterna. Ele resolveu manter seu consumo em apenas dois biscoitos por dia e alguns goles de água, a fim de sobreviver por cerca de um mês. No final do primeiro mês, e tendo avistado vários navios que não o viram, concluiu que teria de sobreviver até que chegasse a algum ponto de terra.

Ele pescou utilizando um pedaço de fio e um pedaço de biscoito como isca. Após pegar o primeiro peixe, começou a utilizar parte dele com isca, e assim sucessivamente. Conseguiu pegar aves marinhas e tubarões, bebendo seu sangue para complementar a pouca água de que dispunha. No melhor estilo naufrago, fez marcas na borda da balsa, para controlar o tempo de sobrevivência e nadava duas vezes ao dia, a fim de não perder a capacidade física (somente um oriental iria tomar este cuidado).

No dia de numero 131, notou uma mudança na coloração da água, aves marinhas e algas, indicando que estaria próximo de terra. No 133º dia ele viu uma pequena vela no horizonte, que veio em seu auxilio. Ele esta nas proximidades da “nossa” foz do Rio Amazonas, e havia derivado todo o Atlântico Sul e já beirava outro hemisfério.

Neste enorme período, ele perdeu apenas 10 Kg e manteve sua saúde inalterada, não necessitando de apoio para caminhar após seu resgate.

147 dias: Os Sobreviventes da Caixa de Gelo

Foto tirada pelo Avião de resgate

Em um dia 23 de Agosto, um barco de pesca Tailandes de apenas dez metros, com cerca de vinte tripulantes rompeu o fundo ao enfrentar mares revoltos ao largo da costa australiana. Dezoito deles se perderam no mar e dois nativos de Burma conseguiram se salvar, entrando em uma grande Caixa de Gelo.

A tormenda que atingiu a fragil embarcação foi o Ciclone Charlotte com ventos de mais de 50 nós, e por muita sorte a caixa não emborcou nestas condições de mar. Por ser a estação das monções conseguiram sobreviver devido à chuva que caia diariamente, pois o único alimento que tiveram foram os peixes que estavam no interior da geleira.

No dia 17 de Janeiro, um avião da Alfandega Australiana os localizou durante um voo de rotina, enviando um helicoptero de resgate. Após serem tratados de desidratação, anemia profunda e queimaduras de sol, foram enviados de volta a suas familias.


300 dias: Pescadores Mexicanos

Lucio Rendon, Salvador Ordonez e Jesus Eduardo Vivand, e mais dois companheiros, partiram em uma baleeira de 25 pés para uma pescaria de três dias, no inicio de outubro de 2005, do porto de San Blas Nayarit, México.

Após lançar seu equipamento de pesca, voltaram ao litoral e comemoraram no aguardo de uma grande pescaria (coisa de latino). No dia seguinte, retornaram para retirar o equipamento de pesca e nada encontraram. Rodaram algumas horas atrás do caro equipamento, e acabaram ficando sem combustível. Como estavam muito longe de terra, não puderam remar, e os ventos ajudados pela correnteza levaram o barco para longe do litoral.

Eles tinham suprimentos para uns quarto dias, após este período começaram a passar muita sede e fome, permanecendo sem comer e beber nada. No terceiro dia após o fim dos víveres, começaram a beber água do mar, o que os fez apenas piorar. No dia seguinte, começou a chover e com o auxilio dos tambores de combustível que foram lavados com água do mar, puderam recolher cerca de 200 litros de água. A fome continuava intensa e a primeira refeição que conseguiram foi provida por uma tartaruga que passou ao lado do barco. Ergueram o animal e cortaram-lhe a cabeça recolhendo e bebendo seu sangue, e depois dividiram sua carne. Dois dos companheiros não conseguiram comer a carne crua e acabaram morrendo de fome, antes do final de novembro.

Eles continuaram caçando tartarugas, somando 103 animais até a data do resgate. Caçaram aves marinhas, e com o auxilio de uma ferramenta improvisada rasparam as cracas que haviam aderido ao casco e as utilizaram como isca para pequenos peixes, que foram utilizados de isca para peixes maiores completando a cadeia alimentar em seu modo mais primitivo.

Por precaução salgaram a carne de peixes e tartarugas, guardando para quando não pudessem pescar. Acreditasse que não morreram de escorbuto, pois pequenas quantidades de Vitamina C podem ser encontradas na carne crua e visceras de peixes e outros animais.

O barco derivou até 9 de Agosto de 2006, quando foram detectados pelo radar de um pesqueiro de Taiwan. O resgate os encontrou bastante magros, mas ainda saudáveis. Eles estavam a 200 milhas ao Norte do litoral da Austrália, e singraram 5.500 milhas através do Pacifico.

No dia 25 do mesmo mês, os integrantes Jesus, Salvador e Lucio (que significa Luz ou Iluminado) foram recebidos em sua terra natal, festejados como um milagre divino.

390 dias: José Salvador Albarengo, ganhou mas não levou!


Nosso recordista, um pescador salvadorenho de 37 anos foi encontrado nas Ilhas Marshall em estado de confusão mental. O relato dele trouxe o fato que havia passado cerca de 13 meses no mar, pois afirmou que seu barco quebrou no litoral do México tendo derivado mais de 5 mil milhas. Durante este periodo ele se alimentou de tartarugas, aves marinhas e peixes apanhados com as mãos, bebendo até mesmo sua propria urina.

Ele havia saido em seu barco de apenas 23 pés para pescar com um jovem, e foi arrastado de sua area habitual por ventos fortes. Com a quebra do motor permaneceu sem conseguir chamar a atenção de outros barcos, até ser arrastado pelas correntes. Cerca de um mês depois da quebra, o rapaz que o acompanhava faleceu de fome e sede.

Sua historia, porém ainda não foi aceita pelas autoridades, que desconfiam que ele na realidade foi utilizado como “mula” de drogas, entre o México as Ilhas Marshall, onde o consumo de cocaina é liberado, mas o tráfico não! Seu estado clínico foi considerado “irreal” pelos médicos, pois nem queimaduras de sol ele tinha e gozava de boa saude ao ser encontrado (meio gordinho como se vê na foto).

É pratica comum entre os traficantes, “absorver” alguns dos pequenos barcos que levam as drogas do litoral do Mexico para a embarcação-mãe, que ira fazer o transporte oceânico da droga. Muitas vezes os botes são embarcados e transportados a fim de facilitar o desembarque em seu local de destino. Este fato, aliado a complicações anteriores do sobrevivente com a justiça, deixam ainda muitas dúvidas no ar e no mar...