quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Vingança do Veleiro!


Foi durante a Semana Santa. Estavamos nós, um barco a motor, fundeados na cidadela máxima dos velejadores naquele feriado, a Ilha da Cotia em Parati. É bem verdade, que paramos sempre do outro lado da enseada, assim ficamos longe do agito, como é bem o nosso estilo.

Chegamos à madrugada da quinta para a sexta, pouco depois da meia-noite. Reduzimos em marcha lenta antes de ultrapassar a garganta entre o continente e a Ilha, e fizemos nossa manobra silencionsamente, mesmo para um barco de 90 pés a motor.

Passamos a sexta entre passeios de bote e caiaque, nem desembarcando nosso jet.

No sábado, bem cedo pela manhã, um barco semelhante ao nosso e fabricado pelo mesmo estaleiro, adentrou a baia através da mesma passagem que haviamos utilizado, e após uma ruidosa manobra de giro, saiu numa velocidade um tanto quanto desnecessaria para o local, em minha particular opinião.

Na parte da tarde, quando faziamos a aproximação de nosso barco de apoio, notamos a chegada de um veleiro em alta velocidade, ele fazia um enorme bigode à proa, sinal de que estava bastante acelerado para seu casco. Achamos curioso, ter tanta pressa para um fundeio, mas somente ai nos demos conta que de fato era um ataque! A intensão do veleiro Plutão (não é bem este o nome do planeta) era provocar uma marola, num ataque deliberado a um monstruoso barco a motor, que jazia inerte em sua âncora, a mercê de um veleiro (suponho) bastante vingativo!

Pode ser que ele nos tenha confundido com o barco que havia provocado a marola no inicio da manhã, ou que de fato tenhamos causado uma marola em outro dia qualquer, em outra época e outro local, não há como eu saber. De fato, e apesar de todo o esforço e combustível gasto naquela manobra, não há como um veleiro daquele porte, provocar uma manobra que afete um Iate de mais de 80 toneladas. É verdade que o referido ataque realmente atrapalhou nossa manobra com o bote, que foi adiada até que as marolas que atingiram nossa popa diminuissem. O pior ficou para os vários veleiros que estavam fundeados ao nosso redor, que devem ter sido mais incomodados do que nós, com esta atitude, no mínimo surpreendente, e quase cômica!

Infelizmente, o que dá para perceber é que alguns comandantes de veleiros só não causam marolas, porque não dispõe de uma embarcação que o faça, e não porque prezam às boas maneiras, e o bom senso. Não estou fazendo a defesa das lanchas, pois em sua imensa e esmagadora maioria, não olham para sua propria popa, a fim de medir o grau de perturbação que irão provocar na area de onde se aproximam, mas para condenar um tipo de atitude que só faz piorar a convivência, e os momentos de lazer das familias, que procuram no mar um refugio para as pressões e aborrecimentos que a vida numa cidade grande nos causa.

Num ato de não agressão, a La Gandhi, peço desculpas ao Capitão do Plutão, se caso o atrapalhei algum dia, provocando uma marola desnecessária, e informo a ele que raramente ultrapasso os dez nós, velocidade insuficiente para provocar marolas; e se o faço é por motivos técnicos, geralmente durante Provas de Mar.

Espero que este tenha sido um fato isolado, e que ele, o “Veleiro Vingativo”, não leve este tipo de reação para fora de seu quase inofencivo veleiro, pois se resolver ter este tipo de atitude em um automovel, numa avenida ou auto-estrada, pode ser fatal!