Furacão
de casa não faz milagre!
Comenta-se
por ai que a nossa maior tempestade, o Catarina, ocorrido em março de 2004,
só foi reconhecido como um furacão verdadeiro um ano após sua violenta
aparição, sendo que as autoridades Norte-americanas da NASA já o consideraram
ao momento de seu nascimento.
É fato
que o mês de março vem se destacando como o mais ativo, no que diz respeito à
aparição ou previsão de tempestades tropicais em nossas águas, e seria o
equivalente ao mês de Setembro no Atlantico Norte, o mais prolífico em furacões
naquela região.
No
Brasil, em 08 de março de 2010, pudemos registrar a Tempestade Tropical Anita,
nome dado em homenagem a Anita Garibaldi, heroina da Guerra dos Farrapos. Esta
tormenta atingiu o litoral do Rio Grande do Sul com ventos sustentados máximos
de 50 nós e rajadas que podem ter chegado aos 120 Km/h. Cerca de um ano depois,
em 14 de março de 2011 a Tempestade Subtropical Arani, já batizada pela
Marinha com um nome tupi-guarani que significa “tempo furioso”, mostrou sua
potência, numa trajetória que se iniciou no litoral do Espirito Santo, vindo depois
ao Rio de Janeiro, até aterrar e perder força na Baia de Paranaguá, onde quase
destruiu as cidades de Morretes e Antonina.
Obs: aqui nosso litoral já aparece no Clube do Furacão
Particularmente,
tenho grandes recordações da Arani, pois ela me pegou em cheio
quando navegava de Florianópolis para Angra. Apesar de me considerar um
navegador precavido e meteorologicamente “antenado”, nunca poderia imaginar que
uma tempestade desceria do Espirito Santo para o Paraná?! Foi uma noite de cão,
com ventos de través superiores aos 30 nós, e rajadas de mais de 40 acompanhada
de muita, muita chuva. Em tempo, ciclones no Hemisfério Sul ainda não tem uma
rota normal, mas o Efeito de Coriolis,
tende a traze-los para Sudoeste, ou em direção ao nosso litoral.
Recentemente,
em fevereiro de 2015, um chocalho diferente foi ouvido em nossa costa, o Bapo (chocalho
em Tupi), uma Tempestade Subtropical causou inundações e desabamentos devido à
precipitação de até 200 mm em apenas 24 horas, nos litorais de São Paulo e
Paraná. Como manda nossa recente tradição, março começou com a suspeita que uma
nova tempestade tropical, a Cari (Homem branco) que pode estar
se formando enquanto escrevo este texto, por volta do dia 10 de Março de 2015.
Caso o citado Cari
compareça, já temos vários outros nomes no aguardo de perturbações
meteorologicas em nosso litoral, oriundos de uma lista elaborada pela DHN, que
seriam na sequência:
Deni "tribo indígena aruaque do Amazonas”;
Ecai "olho pequeno";
Guará "ave das águas";
Iba "ruim";
Jaguar "o que devora";
Kamby "leite";
Maní "deusa da mandioca".
Ecai "olho pequeno";
Guará "ave das águas";
Iba "ruim";
Jaguar "o que devora";
Kamby "leite";
Maní "deusa da mandioca".
Apesar de
considerar estes nomes bastante “transados”, alguns não deixam de ser
assustadores, como “ruim” ou “o que devora”, mas kambi (leite), Deni
e Maní
são meio que fraquinhos. Afinal, se é para ser em Tupi, vou de Tupã, tem mais
imponência.
Brincadeiras à
parte, desde o inicio deste século, já foram registradas três grandes
tempestades, sempre no mesmo mês de Março e toda a atenção ao planejar uma
derrota deve ser tomada.
Ao pesquisar este assunto, pude
verificar por um site global que as temperaturas à superficie do mar estão
bastante elevadas em nosso litoral, iguais ou superiores aos 26°C. Esta
temperatura é considerada pelos cientistas como a que permite alimentar os
furacões e grandes tempestades, quer seja no Atlantico Norte quanto no Sul.
Outro fator que chama a atenção é a inexistência do fenomeno El Niño neste principio de ano, outro fator
que costuma contribuir para a formação de grande número de furacões, portanto
antes de se fazer ao mar, aconselho que faça um estudo bastante atencioso das
condições meteorologicas em desenvolvimento, não despresando quaisquer
perturbações.
Fiquem sabendo ainda que nem só da Região Sudeste vivem as nossas
tempestades, e que em janeiro do mesmo 2004 do Catarina, uma outra
tempestade organizada já havia se formado, no litoral de nossa Bahia, atingindo
Salvador com muita violência e grandes prejuizos. Sabemos que nossa produção ainda é pequena e não obedece ao mesmo
método de desenvolvimento das tempestades que ocorrem no Hemisferio Norte, nem
por isso deixam de causar destruição e apresentar perigo aos navegantes. Cuidado
redobrado no inicio dos próximos outonos, principalmente no apelidado “Golfo de
Santos”, que vai do Cabo de Santa Marta (SC) ao Cabo Frio (RJ), mas não somente
nele como vimos.
Vale
lembrar que o Furacão Catarina levou várias vidas de
pescadores, ferindo outras 75 pessoas. Destruiu 1.500 casas, e avariou outras
40.000 residencias; causando prejuizos de US$400 milhões. Mesmo sem a estrutura
de outros paises, no que diz respeito a Alertas de Tempestade e organização de
evacuação, centenas ou milhares de pessoas foram salvas pelo trabalho de prevenção
realizado pelas autoridades catarinenses. Os ventos sustentados máximos de 180
Km/h com rajadas superiores aos 220 Km/h poderiam ter varido do mapa muitas e
muitas vidas.
Vale
lembrar que, sem querer entrar no assunto do Aquecimento Global, o século XXI
já deu provas que nada mais será como antes, portanto é necessário reaprender o
nosso clima e nossos cuidados com o tempo.
Boa
Navegação, um olho na proa e outro no barômetro!