Sabemos que os barcos já eram utilizados pelos seres humanos desde a pré-historia, quando pedaços de madeira foram unidos por cipós e se transformaram nas primeiras embarcações “construidas” de que temos notícia. Atualmente, processos ainda primitivos de escavamento de enormes troncos de árvores, são preparados com fogo e ferramenas rústicas, para fins de navegação, como os encontrados em várias partes do mundo, notamente por aqui mesmo.
A princípio, estas embarcações foram construidas com a finalidade de
alcançar comida em outras localidades, somente acessíveis por mar ou isoladas
por braços de rios ou algum espelho de água. Hoje em dia, embarcações
gigantescas cruzam os mares em altas velocidades, transportando todo o tipo de
carga, sejam combustíveis, alimentos, insumos e mesmo pessoas. O Iatismo, como
sabemos, utiliza o barco como forma de prazer e satisfação, e divido as duas,
pois o prazer é trazido pela beleza das paisagens, o sabor da comida e a
qualidade dos serviços de bordo, mas a satisfação é algo mais abrangente, que
se alcança pelo conjunto das atividades praticadas, o ambiente, a companhia e
até mesmo o status que vem com o ter uma embarcação aqui chamada de
esporte-e-recreio, mas que não traduz devidamente a feliz expressão inglesa: pleasure boat.
Como defensor das embarcações de cruzeiro, sejam elas a vela ou a
motor, ergo aqui a bandeira de que o prazer precisa ser lento, pois se prolonga,
e me perdoem a analogia capciosa, mas uma noite inteira de amor é bem melhor do
que um encontro passageiro, do tipo “rapidinha”. O prazer de navegar
vagarosamente, por baias e enseadas é intenso, pois permite que se desfrute de
cada ângulo e detalhe. Quando cruzamos em alta velocidade, recebemos uma
descarga de adrenalina muitas vezes descessária, pois o que se busca em um
final de semana ou passeio de barco é o relaxamento e não a continuação da vida
atribulada de uma grande cidade.
Este espaço será dedicado a idealizar, projetar, organizar e preparar
um Barco de Cruzeiro a Motor destinado a acolher pessoas que pretendam realizar
viagens ou mesmo morar a bordo de uma embarcação confortável e segura, que
utilize a propulsão mecânica. Porém, que fique claro que desde o inicio deste
tipo de navegação “amadora” a vela e os motores sempre estiveram juntos, e por
muito tempo os barcos de propulsão mista foram os mais numerosos. Ainda hoje,
os barcos do tipo Passagemaker
utilizam uma pequena vela, seja para dar uma certa estabilidade como para
auxiliar e economizar combustível em longas pernadas de ventos favoráveis. Não
iremos considerar os velejadores como concorrentes, lutando pela mesma enseada,
mas parceiros de modo de vida, que utilizam métodos diferentes para alcançar a
mesma finalidade, que é viver a vida da melhor maneira possivel!
Barcos a vela têm suas vantagens, como o uso de propulsão limpa e até
certo ponto infinita, mas o esforço físico necessário nas manobras, o
desconforto de se navegar com o barco adernado por vários dias, o cozinhar e
comer numa gangorra e ter de chamar seu banheiro de “camara de torturas” é algo
duro, sem mencionar o lugar comum, conhecido por todos os que navegam:
“Um veleiro não sabe exatamente quando deixará um porto, e não tem a
mínima ideia de quando chegara a seu destino”.
Pregamos aqui, um modo de navegar grandes distâncias, sem precisar da
escolta de um navio-tanque, podendo programar suas partidas e chegadas com um
mínimo de precisão, e desfrutando da maioria dos confortos da vida moderna,
evidentemente obedecendo ao poder aquisitivo de cada proprietário de
embarcação. No correr dos artigos, iremos notar que as semelhanças entre os
barcos a vela ou a motor de Cruzeiro, obedecem a uma certa lógica comum e que a
tradição de um pode auxiliar o outro a melhor se adaptar as dificuldades do
dia-a-dia a bordo de um barco.
Adiante Navegando, será nosso lema e nosso destino!