segunda-feira, 26 de agosto de 2024

A TRAGICA IRONIA DO VELEIRO BAYESIAN

Caso você leitor tenha assistido a vídeo-entrevista do Marcio Dottori comigo para o Minuto Náutico, deve ter ficado com mais dúvidas do que certezas. Devido ao pouco tempo possível, apenas tocamos levemente nos pontos de maior dúvida a respeito desta tragédia. (https://youtu.be/4SuSSRmESBw)

Desde o início a imprensa soltou opiniões e levantou suspeitas, que a meu ver, visavam tão somente criar interesse pelas matérias e acelerar a “clicagem” em seus canais.

O que sabemos que não aconteceu? As autoridades italianas sob forte pressão se fechou como ostra, pois os interesses são enormes. Dentre eles, o Construtor (um dos maiores grupos do país) a Seguradora do barco e das vítimas, a RINA, Sociedade Classificadora que aprovou o projeto e a construção do barco e a grande imprensa internacional. Assim, assumiram a centralização de todos os dados, para impedir que especulações desviem os rumos e os resultados da investigação.

Nas primeiras notícias culparam o mastro por ter quebrado e causado o naufrágio, o que foi descartado pelos mergulhadores logo no primeiro momento, antes de ser imposta essa comentada e necessária Lei do Silêncio. Foi anunciado que o casco não tinha nenhum tipo avaria e que o gigantesco mastro jaz intacto. Veremos adiante que a imprensa chegou perto, mas talvez não tenha interpretado a situação de forma correta.

Também acusaram do barco estar ancorado ou muito longe ou perto demais, algo que até agora não entendi. O barco afundou com a âncora bem unhada no fundo. Ele estava parado a meia milha náutica da costa, o que é quase um quilometro, algo muito bom para um barco destes. Outra coisa é que a lâmina de água tinha 50 metros, e nem de longe poderia ter batido em qualquer coisa.

As “janelas” e portas estavam todas abertas! Sim, é possível. Diferentes dos Norte americanos, os Europeus adoram poder passar alguns momentos no calor. Não é raro barcos com excelentes centrais de ar condicionado ficarem com os mesmos desligados, e as vigias e gaiutas todas abertas. Isso pode ter facilitado a rápida e enorme inundação.

Deixaram os pórticos e plataformas de acesso do casco abertos, como a lateral, que poderíamos compreender como um tipo de entrada de serviço, por onde se lançam equipamentos como motos aquáticas, pranchas, caiaques e mesmo equipamentos de mergulho. Sabemos que ele possuía uma plataforma na popa que se costuma chamar de Beach Club, pois é lá que ficam as cadeiras, o bar e todo o necessário para a diversão dos passageiros. Considero isso pouco provável, pois é meio que uma rotina em qualquer Iate se recolherem todos os brinquedos, fechando-se qualquer possível acesso ao interior do barco.

A quilha estava abaixada ou suspensa? Primeiro, esse barco tem um tipo de quilha retrátil a que chamamos de Patilhão-bolina. Quase um palavrão. Nos veleiros de pequeno porte, se utilizam bolinas, que são lâmina de metal ou de fibra de vidro que ajudam o barco a manter seu rumo. A estabilidade geralmente é fruto da tripulação se pendurar na borda, fazendo escora. Num barco deste tamanho, essa lâmina, que pode ser fixa ou retrátil, carrega um enorme peso em sua extremidade, como se fosse um torpedo, a fim de ganhar estabilidade. Compensando a inclinação causada pelas velas quando em navegação.

Sabemos pelo rastro eletrônico do AIS do barco, que eles deram uma velejada naquele dia pois a derrota ficou registrada em zigues e zagues. Após o passeio vieram em linha reta para o fundeadouro escolhido. A mim não faz sentido se manter o patilhão arriado enquanto se navega a motor, pois a resistência é enorme assim como a perda de velocidade. Portanto, acredito que o Capitão tenha simplesmente virado uma chave e a enorme bolina lastrada tenha sido recolhida em instantes.

O Estaleiro está crucificando o Capitão e a Tripulação. No início foi noticiado até que ele teria apenas 22 anos de idade. Nada disso! O Capitão tem 51 anos, nascido na terra de grandes velejadores, a Nova Zelândia, e trabalha em barcos desde a adolescência. Porque a tripulação se salvou quase toda e não salvaram os passageiros? Normalmente a área da tripulação fica bem perto da proa e com acesso rápido ao convés, além disso eles viviam no barco e conheciam todos os caminhos, e por instinto até com o barco muito inclinado tiveram essa possibilidade de salvação. Por que não entraram na cabine principal para salvar as pessoas? Ao que sabemos, o barco emborcou (virou de quilha para o céu) e afundou em muito poucos minutos. Desculpe, mas se a situação foi a descrita acima, não tinham como entrar naquele barco.

A tempestade fez afundar o barco? Também, sendo o gatilho que desencadeou a tragédia. Não se sabe se foi uma Tromba d’água ou um Microburst, no Brasil costumamos chamar de micro-explosão atmosférica. Um fenômeno que costuma trazer um vento fortíssimo que desce na vertical espalhando rajadas em todas as direções e com grande intensidade. Meteorologistas dizem que os ventos podem chegar a mais de 200 km/h. Estes ventos poderiam inclinar um casco gigantes destes? Sim, por certo. A área vélica do enorme mastro e seus cabos e acessórios ultrapassa os 100 metros quadrados, e pesa mais de 12 toneladas, segundo algumas fontes.

Estamos inclinados a dizer que a imprensa acertou no vilão, mas não na ação.

Nossa impressão é que o imenso mastro foi o principal causador do acidente. Não por ter quebrado, mas ironicamente por não ter quebrado! Ventos fortíssimos atingiram o barco fazendo o mesmo deitar. Com as gaiutas e vigias abertas, deve ter acontecido uma enorme inundação e devido a isso o barco acabou emborcando e afundando. Se o mastro tivesse quebrado, talvez ele não tivesse deitado, e se ergueria com um enorme prejuízo, mas sem vítimas.

Caramba! O que aconteceu afinal de contas? Somente o inquérito poderá levantar todas as informações e chegar a uma conclusão. Como dito no vídeo, um acidente destes é sempre um somatório de coisas imprevistas que acontecem e resultam em algo assim.

Porque chamei este texto de Trágica Ironia? O nome Bayesian traduzido pelo Google resulta em “Baiesiano”, ou seguidor da Lei ou Teorema de Bayes uma fórmula utilizada em estatística que calcula as chances de um evento acontecer com base em dados e conhecimento prévio das variáveis. Também chamado de “calculo que prova milagres”, triste ironia que desta vez o somatório das variáveis não tenha resultado em um milagre, mas em uma tragédia. Lamentável.

 

 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

 

Coleção

BARCOS DE CRUZEIRO A MOTOR

do Sonho à Operação

Para aqueles navegadores que amam o mar,

mas não abrem mão da segurança, do conforto

e das boas coisas da vida.

 Neste Índice Simplificado, você terá acesso ao conteúdo de nosso texto principal, um trabalho que procurou suprir uma lacuna na literatura técnica náutica brasileira, que não possuía praticamente nenhum título voltado a quem navega a motor, e menos ainda para quem se propõe a realizar Cruzeiros a Motor de Longo Alcance.

 Verifique abaixo, capítulo por capítulo e de forma resumida, o que irá encontrar aqui.

 BEM-VINDO A BORDO!

INTRODUÇÃO À COLEÇÃO

 Está previsto lançarmos uma série de quatro volumes, todos dedicados a Iates de Cruzeiro a Motor, como indicado abaixo. Sempre que estivermos próximos do lançamento de um novo, será liberada gratuitamente no Kindle uma apresentação como esta.

Índice Geral Simplificado:

 Volume I        Arquitetura do Iate – Do Rascunho à Construção: veja abaixo em detalhes.

 Volume II      Motorização e Sistemas Operacionais: analisaremos os componentes ligados a propulsão e governo, assim como parte elétrica e outros.

 Volume III     Navegação e Eletrônicos: auxílios à navegação, comunicações, planejamento pessoal e os perigos ocultos.

 Volume IV     Operação, Marinharia e Manobras: partimos para a operação fazendo o planejamento das travessias, falando da meteorologia, de como viajar ao exterior e incluímos um manual de manobras e fundeio.


VOLUME I

ARQUITETURA DO IATE

do Rascunho à Construção

1.1.        Na Apresentação tomamos contato com o tipo de embarcação e navegação proposta. Como realizar um sonho com barcos entre os trinta e poucos e os setenta pés.

1.2.       O Conceito do Cruzeiro a Motor trata das diferenças e semelhanças entre a navegação tradicional à Vela e a Motor;

1.3        Na História da Navegação de Cruzeiro a Motor vamos conhecer os pioneiros e seus feitos surpreendentes;

1.4        Em Concepção e Tipos de Cruzeiro faremos uma análise dos diversos tipos de navegação, seja em Águas Interiores, Costeiras ou de Alto-Mar;

1.5.        Barco novo ou usado?

1.6.        Tipos de Barcos: Botes, Veleiros, Lanchas, Iates a Motor, Trawlers ou Trollers, Explorers e o que chamaremos de Barco a Motor de Longo Alcance.

1.7         Tipos de Casco: noções da arquitetura em relação aos cascos;

1.8.        No Arranjo Geral, identificaremos os espaços envolvidos no projeto que são importantes em um barco de cruzeiro;

1.9.              Aqui mergulhamos nos Elementos de Arquitetura Naval, conhecendo a nomenclatura e coeficientes adotados;

1.10.        Em Material de Construção, comparamos os principais métodos e materiais utilizados;

1.11.            A Estanqueidade, e como manter a água do lado de fora do barco;

1.12.            A terrível Corrosão, sus variáveis e causas;

1.13        Acabamentos e Pintura;

1.14.            Nos Acessórios de Casco, os tipos de Lemes e seus vários sistemas, e ainda Estabilizadores e Propulsores de Manobra;

Use este número na Amazon para Kindle e Apps (SIN) B0BW4S9B4P, ou o link:

https://www.amazon.com.br/gp/product/B0BW4S9B4P/ref=ppx_yo_dt_b_d_asin_image_o00?ie=UTF8&psc=1


                                                                    Dedicatória

Dedico este trabalho a todos os proprietários dos iates que comandei no passado, mas em especial ao primeiro, Seep Baendereck, do Juruena.

Iate Juruena de 137 pés – Antigo Navio Varredor de Minas

No final dos anos 1970, o artista plástico e empresário de propaganda Seep Baendereck, iugoslavo de nascimento e brasileiro por devoção, adquiriu o casco de um antigo Navio-de-Guerra, um Varredor de Minas chamado Juruena, construído em Maryland (Estados Unidos), no final da Segunda Grande Guerra, e depois vendido para a Marinha do Brasil. Foi reformado em Itajaí, adaptando o enorme casco de madeira para uso de expedição, seguindo depois para a Amazônia, onde empreendeu uma viagem de exploração artístico-ecológica em companhia de seu grande amigo e igualmente ecologista, o escultor Franz Krajberg. 

A aventura foi intensa, e acabou interrompida devido a um encalhe nas águas do Rio Solimões, onde Seep quase perdeu o barco. Após o salvamento e reparos emergenciais, voltou ao Guarujá, onde adaptou o Juruena definitivamente ao uso como iate, ou sua “casa de praia”, como gostava de dizer.

 Durante anos, ele alimentou planos de voltar a viajar com o velho casco, quer fosse a Bahia, quer fosse outra expedição, mas suas atividades profissionais na Denison Propaganda (e mais tarde uma grave doença) não lhe permitiram realizar este sonho.

 O pintor Seep Baendereck (1920-1988) era um homem extremamente ativo, bem-humorado, bon vivant, igualmente bom de garfo e de copo! Ele plantou a semente de um pensamento ecológico no Brasil, sendo um dos primeiros a alardear a imensa destruição que a política da época infringia à região do cerrado, à Amazônia e ao Pantanal, com o estímulo a grandes derrubadas e queimadas – destruição que acontecia justamente em regiões onde Seep realizava suas pesquisas fotográficas para novos trabalhos. Além disto, ele foi um dos primeiros proprietários de barcos de passeio interessado em iates de baixa velocidade e grande raio de ação - um iatista puro, consciente e pioneiro.

 Por ter tido a oportunidade de servir a ele e sua família, deixo aqui uma pequena homenagem a Seep Baendereck, que tanto fez pelo Iatismo e pela Natureza. E para concluir essa homenagem, relembro uma de suas célebres frases:

 “Soléil, L’Amour and Flowers in the Night!”

(como escrito no brasão, pintado no chaminé de seu barco)


Prefácio de Marcio Dottori

Confesso que escrever sobre esta obra completa, que abrange tudo que envolve os grandes barcos a motor, mesmo para mim que conheço bem o assunto, não foi fácil. Afinal o autor o Capitão Alvaro Otranto é um dos skippers mais experientes do Brasil, com mais de 200 mil milhas navegadas em quase todos os oceanos do planeta, primeiro como piloto da Marinha Mercante e depois como comandante de iates.  E o melhor de tudo é que o Alvaro Otranto consegui converter sua vasta experiência de 40 anos de mar em um guia muito precioso, para quem não conhece e também para quem conhece barcos a motor.

Nesta obra nenhum assunto pertinente à navegação de longo curso, com barcos a motor de lazer, foi esquecido. Desde à análise da embarcação ideal para empreender travessias oceânicas até uma explanação sobre o melhor material do casco, a importância das instalações mecânicas e elétricas e a escolha da motorização, tudo foi esmiuçado detalhadamente nestas páginas. Os itens relativos à segurança, a determinação dos equipamentos eletrônicos, a meteorologia e, até mesmo os parâmetros relativos à manutenção do barco fora d´água foram abordados nesta coleção.

Considero que aprendi muito nestas páginas, pois o livro vai fundo no assunto, mencionando inclusive sobre a parte burocrática das viagens. Assim, a Coleção Barcos de Cruzeiro a Motor, é uma obra indispensável na biblioteca dos futuros comandantes de lanchas e trawlers. E na minha também.

Marcio Dottori

 Nota: a biografia do Engenheiro e Navegador Marcio Dottori, se mistura com o crescimento da indústria náutica dos últimos trinta anos, seja como Diretor Técnico da Revista Náutica, ou como no seu Canal Minuto Náutico.

 


Tradicional Dutch Trawler

Resume do Autor

Paulistano, formado Oficial de Náutica pela Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante. Navegou por alguns anos em navios de carga, passando depois a se dedicar ao comando de Iates de grande porte, dentre eles:

Fabiola de 85 pés; Juruena de 137 pés; Anerag de 52 pés; Kerber de 107 pés; Suzy Dear de 57 pés; Lise Laura de 71 pés; Queen Helen de 80 pés e Gattina, um Trawler de 90 pés. Neste último realizou duas viagens ao Caribe e Mediterrâneo, além de inúmeras pelo nosso litoral. Ao todo, soma aproximadamente 240 mil milhas náuticas.

Instrutor da IYT – International Yacht Training, reconhecido pela MCA (Maritime and Cost Guard Agency da Inglaterra), para os Cursos de Yachtmaster e Master of Yachts.

Membro do Fórum Náutico Paulista, atuando nas Câmaras de Segurança e Navegação, Turismo Náutico e Indústria Náutica;

Autor da narrativa de viagem à vela De Vento em Proa, disponível na Amazon (ASIN: B07WSY4WPS);

Colaborou como Assistente Técnico na Revista Náutica, produzindo dezenas de artigos e testes de embarcações;

Mantém o blog:  capotranto.blogspot.com/

Presta consultoria como: Project Manager - Roteiros de navegação e em análise de projetos de novas embarcações e reformas.

Por 25 anos, foi diretor da Moana Livros/Aventura Editorial, a primeira livraria virtual dedicada exclusivamente a Náutica e Aventura.

 Espero que nos acompanhe pelos próximos tempos e que o conteúdo lhe auxilie a ter mais segurança e prazer ao navegar.

BONS VENTOS!

Cap. Alvaro Otranto

cruzeiroamotor@gmail.com

 


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Final de Semana Perfeito


Quando pensamos em luxo, a ideia de um iate sempre vem na cabeça. Um avião ou helicóptero pode até custar mais do que muitos barcos, mas não permitem que você “veja e seja visto”, algo muito importante para quem alcançou o Sucesso. Também não permitem que se desfrute de uma longa viagem utilizando sua própria estrutura.

Se você se pergunta: Como seria um final de semana num Iate de Grande Porte? Acho que posso dar uma ideia bastante aproximada do que pode acontecer.

Na sexta-feira, você decide ir a Angra de carro, pois a Capital está sem teto para decolar de helicóptero. Seu Capitão acompanha sua viagem através de um aplicativo e quando você chega à sua Marina, dois tripulantes, impecavelmente uniformizados, os aguardam e ajudam a retirar as bagagens e as levam para o cais, enquanto você e seus convidados desfrutam do visual dos outros barcos no entorno.

Seu enorme barco de apoio, leva todos até seu iate, que esta reluzindo nas proximidades. À popa, tripulantes aguardam para recebe-los.
Chegando a bordo, vocês adentram ao salão refrigerado e encontram um Aperitivo de Boas Vindas com alguns canapés de hadoc e caviar para os entreter, enquanto as bagagens são distribuídas nas cabines.


Logo depois os motores são acionados e vocês partem para uma bela enseada na Ilha Grande, enquanto o sol se põe no horizonte. Após o fundeio, todos descem para se arrumar e um pouco mais tarde se encontram para combinar o dia seguinte, enquanto da cozinha vem o perfume do que deverá ser o jantar.

Por volta das nove, as brusquetas de cogumelos da entrada saem do forno e se brinda com o vinho que você escolheu para acompanhar um prato de massa italiana recheada que chega logo a seguir, um parmegiano DOC complementa o prato. Como segundo prato, um leve pernil de cordeiro com legumes. Na sobremesa surgem tortinhas de chocolate e frutas vermelhas, antes do licor.

 A partir do jantar, alguns vão para o Salão assistir um filme, outros vão para o Fly ver as estrelas, enquanto que você vai para sua suíte, descansar.

Pela manhã, após um sono perfeito, um tripulante já avisa que a temperatura da agua do mar está próxima dos trinta graus, prometendo um belo mergulho. No balcão de apoio da cozinha está montado um pequeno bufê com pães, bolos, frios, frutas, sucos, grãos e tudo o que é necessário para um belo café da manhã, sem esquecer de uma fresca mimosa, espumante com suco de laranja.
Na popa do barco, os tripulantes já colocaram na água todos os equipamentos de diversão aquática. As garotas saem de SUP e caiaque, os rapazes preferem realizar um mergulho até a costeira, e um tripulante segue a distância observando as bolhas de ar que brotam à superfície.

Quando a manhã chega ao fim, caipirinhas e vinho branco começam a circular, entre tira-gostos de todos os tipos. As pessoas se esticam no Solarium e o som ambiente troca de ritmo de acordo com a alegria de todos!
No meio da tarde, todos se encontram em um dos conveses à popa onde um bufê de saladas e entradas que os aguardam. Depois, uma bela Paella recheada de enormes camarões vem para ser servida, enquanto um vinho verde de excelente procedência embaça as taças. De sobremesa, um mil folhas com calda de damasco ou frutas da estação. Café e licor estão à mesa, enquanto um Cohiba Robusto é aceso.
Após o almoço, alguns voltam ao sol, outros preferem visitar a cabine. O sol se põe mais uma vez, e pessoas dão o último mergulho do dia, antes da ducha. As luzes se acendem, dos barcos ao redor vem vozes e música distantes.

Tarde da noite os convidados retornam ao Salão Principal e são convidados a desfrutar de uma enorme mesa com queijos, Parma e outros frios curtidos, geleias, frutas secas, pães de todos os tipos e azeites de boa procedência. Três garrafas de vinho estão vestidas, escondendo os rótulos e anunciando uma divertida degustação às cegas, Bordeaux, Toscana e Napa para deleite de todos. Após muita conversa e alegria, chega um sorbet no melhor estilo, momento em que o champanhe de guarda é aberto, para o brinde final de noite.

Num dos ambientes se reúnem alguns aficionados das cartas e em outro os amantes do cinema, enquanto que alguns casais circulam nos românticos espaços externos.

Domingo amanhece esplêndido, nenhuma nuvem no céu, temperatura em ascensão e após o brunch o barco parte para a Ilha da Gipóia, onde dezenas de barcos se encontram em plena festa. O dia passa entre mergulhos, banhos de jaccuzzi e passeios de bote e jet. No final da tarde, os convidados embarcam mais uma vez no potente barco de apoio e seguem para a Marina, a fim de pegar seus carros.

Você observa a tripulação cuidar do embarque de bagagens e pessoas, enquanto se despede de todos. Como o dia estava convidativo, você decide permanecer mais um tempo a bordo. Quem sabe, rumar a Paraty e jantar em algum de seus bons restaurantes, ou pernoitar no tranquilo Saco do Céu ou mesmo optar por jogar tênis ou golf em um dos Resorts da região. Alguns dias depois, você chama seu helicóptero e retorna a seus afazeres.

Preferi utilizar Angra para este passeio, mas poderia ser nas Ilhas Virgens, nas Baleares ou qualquer outro lugar do mundo!

Se acha isto conto de fadas, posso assegurar que organizei pessoalmente dezenas de finais de semana muito semelhantes a este. No iate imaginário do exemplo, uma dedicada tripulação trabalhava ininterruptamente por 18 horas diárias, alguns permaneciam acordados durante toda a noite, até que o último convidado se recolhesse. Durante a noite, o Comandante mantinha atenção a qualquer mudança de tempo, o Chefe de Maquinas alternava os geradores, cuidava da produção de agua dessalinizada e Marinheiros limpavam o orvalho todas as manhãs, o Cozinheiro e auxiliares preparavam e serviram dezenas de refeições, enquanto que outros limpavam e arrumavam as cabines, tudo para que a estada fosse perfeita. Neste tipo de barco, apenas a perfeição é aceita.

Dar a seu comandante as condições de desenvolver um bom e requintado serviço, selecionar e treinar uma tripulação eficiente e disciplinada. Manter seu barco em perfeitas condições de uso e exigir o padrão que lhe é desejado faz parte do dia a dia de um Iatista de Alto Nível. Se não conseguir ou não tiver tempo, pode me chamar. Bons Ventos!


quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Retorno salobro


Olá Pessoal

Lamento a longa ausência nas postagens. Explico, que desde o final de 2018, quando após 13 anos e alguns meses (40.000 MN) como Comandante do Iate/Motor Gattina, o mesmo foi vendido e acabei por largar âncora em terra.

Aos poucos estou voltando a participar do mercado, através de minhas colaborações no ESPAÇO IATE do site MINUTO NAUTICO (http://www.minutonautico.com.br/) de meu grande amigo, Marcio Dottori.

A partir de agora, também devo mudar alguns graus no rumo desta coluna, incluindo minhas futuras experiências a bordo de meu veleiro, um tradicional Brasília 32, o SAGUI (que já pertenceu aos Schürmann) e que está terminando uma obra eterna, além de outros assuntos como Marinharia, Gastronomia e Vida Sobre Rodas. Provavelmente, outras medias serão adotadas.

Quanto a novos comandos? Lamento, mas não tenho (neste momento) pretensão de voltar a vender meus serviços desta forma, pois o final da minha melhor e mais completa experiência profissional acabou como se apaga uma lâmpada.

Bons Ventos a todos!  

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Tradição Adotada


Alguns anos atrás, meu grande amigo, estava se preparando para partir em solitário em seu veleiro Multichine 28, rumo a distante e gélida Cape Town. Na ocasião, resolvi presenteá-lo antecipadamente, pois iria passar seu aniversário em meio as enormes vagas do Atlântico Sul.

Conhecendo sua queda por um determinado doce, comprei duas latas de doce de coco, uma do branco e outra do queimado. Retirei os rótulos e embrulhei as duas como num cilindro, para que não pudesse identificar o conteúdo do embrulho. Anotei em letras grandes: Para ser aberto no seu Aniversário.

Dias atrás, assistindo um programa de vela na TV, acompanhei os preparativos da partida de um aventureiro celebridade da Nova Zelândia. O tal pop-sailor, provavelmente apadrinhado por um enorme patrocínio, embarcou em um veleiro de aproximadamente 70 pés, todo automatizado, cheirando a estaleiro e seguiu pelo Mar da Tasmânia ou outra passagem entre as ilhas do Pacifico.
Porém, o que me chamou a atenção, foi que na noite anterior à partida, os amigos se reuniram à bordo para a festa de despedida, levando consigo algumas latas sem rótulo, anotadas apenas com o nome do “presenteador” e a data de validade do produto. Mais ou menos como fiz, como acima comentado.

De agora em diante, quando alguém me convidar para o lançamento de um barco de cruzeiro, seja a vela ou motor, pretendo levar algumas latas de algo bem saboroso, para que a pessoa abra a mesma quando estiver em um lugar especial, seja numa linda baia ao entardecer, como nos primeiro momentos de relaxamento após uma baita tempestade.

Anote ai:
1.       Escolha uma lata de algo bem saboroso (o que as vezes pode ser difícil);
2.       Retire o rótulo;
3.       Anote o seu nome e a data de validade do produto;
4.       Leve para bordo acompanhado daquilo que for beber a bordo, no “Bota Fora” de seu amigo cruzeirista;

Tenha certeza que será bem lembrado, e por um longo tempo.

Retornando ao meu amigo, no dia do seu aniversário, em meio a uma baita tormenta, ele desembrulhou o pacote a após abrir a lata-surpresa foi apanhado por uma vaga e acabou deixando cair o precioso conteúdo sobre o piso salpicado de oceano do oscilante barco. Porém, naquela latitude e condições foi obrigado a recolher tudinho e comer de qualquer forma, não havia como abrir mão de tal delicia, mesmo temperada de sal. Certamente, ele irá se lembrar da surpresa e da experiência, para todo sempre!

Acredito que seja uma Tradição a ser adotada, não minha e nem dos Neozelandeses, mas simplesmente de gente do mar!

Bons Ventos!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

SEU BARCO É SEGURO?

Estamos quase encerrando o verão 2018, e felizmente não registramos as tragédias de 2017, quando um número enorme de embarcações pegou fogo, e contabilizamos além das perdas materiais, algumas lamentáveis vítimas fatais. Afinal de contas, uma atividade de laser não deveria envolver riscos a seu patrimônio, e muito menos à sua família. Infelizmente, não é o que acontece.

Nestas horas, surge a pergunta: será que meu barco é seguro? Será que posso sair despreocupadamente para passear, sem ter de viver um pesadelo? A resposta está na atitude de cada proprietário de embarcação, algo que nem sempre é levado a serio.

Uma lancha a gasolina costuma custar bem menos do que uma a diesel, porém alguns cuidados precisam ser tomados, para que nada de mal aconteça. SEMPRE, antes de dar partida no ou nos motores, é mandatório abrir a tampa dos motores. Não confie na ventilação forçada, o blower, como solução para qualquer eventualidade. Sabemos que os gases da gasolina podem se acumular no fundo do barco, e uma fagulha pode causar uma enorme explosão. Mangueiras de combustível baratas, podem ressecar e vazar o combustível pelo porão, e o resultado pode ser o mesmo.

Imagine a situação: a família embarca e seus filhos de aboletam no solarium de popa. Você pensa e tenta abrir a tampa, sob os colchonetes, mas a choradeira é geral e você aciona a ignição, com as tampas fechadas. Se nada de errado acontecer, bem. Caso contrário, poderá perder sua vida com a economia de um momento de “chatice”. Em minha vida profissional, de quase quarenta anos, já fui chamado de “tio”, “chato” ou metódico inúmeras vezes, porém nunca perdi nenhum tripulante ou passageiro por seguir regras de segurança.

Vazamentos de combustível é apenas um dos problemas que podem acontecer, mas existem vários outros. Extintores vazios ou vencidos, é outra ocorrência bastante comum. Desde que as Capitanias deixaram de fazer as vistorias anuais, ninguém mais se preocupa com os extintores. Falha muito comum é deixá-los embrulhados em plástico transparente, esperando que isto evite a corrosão. Ledo engano, é desta forma que eles são corroídos mais rapidamente. Se quer conserva-los, melhor seria aplicar um leve borrifo de silicone ou vaselina líquida sobre toda a superfície, mas nunca deixar de realizar o controle e verificação de carga e estado do cilindro. Diferente dos automóveis, a possibilidade de evitar um incêndio a bordo é real.

Se imaginarmos uma explosão no compartimento dos motores, um pequeno extintor de dois quilos, pouco poderá fazer. Porém, quando algo começa a fazer fumaça na cabine, e se inicia um incêndio que pode trazer consequências enormes, o extintor pode realmente salvar a situação.

O ideal é sempre desligar as chaves de energia, cortando a alimentação do barco, e com isto evitando que o maior causador de incêndios, perca sua alimentação. Realmente, a parte elétrica de um barco é seu maior perigo. Contatos mal apertados, emendas sem isolamento, aquecimento devido a falhas no dimensionamento dos cabos, estão entre as principais causas. Não esqueça que barcos de fibra-de-vidro, são na realidade, barcos de plástico reforçado com fibra de vidro, onde não raramente, cerca de 70% do casco é resina plástica. Plástico inflama, e muito!
Por fim, e não menos importante é outro tipo de combustível, o álcool. Infelizmente, é muitíssimo comum as pessoas pilotarem sob efeito da embriaguez causada pela ingestão de álcool. Não há como passar uma jornada de domingo totalmente “careta”, afinal de contas os barcos são o melhor meio de relaxamento de que as pessoas dispõe. Calor, gente bonita, água morna, churrasco na popa, comidinhas fritas, frutos do mar e muita caipirinha, cerveja e espumante, dependendo do caixa de bordo! Agora, se você paga um tripulante para sair com você, é evidente que é para ele conduzir o barco “em segurança para o porto de regresso”. Esqueça que sabe pilotar, e faça de conta que está na cidade, e que o bloqueio da Lei Seca pode lhe pegar na primeira esquina. Deite no colchonete, desligue a macheza e relaxe.

Evidentemente, se for pernoitar fundeado e não oferecer riscos a terceiros, vai fundo! Apenas, esteja seguro que o tempo está firme, e que não vai ter de manobrar às pressas, no meio da noite, com um baita de um Sudoeste arrastando seu barco para perto das pedras. Certa vez, entrou uma porranca dentro do Saco do Céu, e amanheci com três veleiros enrolados no meu cabo de âncora. Eles foram arrastados pelo vento, e como a noite anterior havia sido da pesada, não tivemos como acordar as tripulações, esperando o dia raiar e que os mesmos voltassem a “funcionar”. Demoraram um pouco para compreender o que havia acontecido, mas aos poucos manobraram e partiram, sem avarias. Se não fosse nossa amarra, teriam arrastado até a margem.

Com estes poucos cuidados, poderemos evitar os maiores causadores de acidentes a bordo. Gases inflamáveis, negligência e direção perigosa. Simples assim.


Bons Ventos!

domingo, 9 de julho de 2017

O MENOR DO PEDAÇO

Estava eu cuidando de minha própria vida, quando ao verificar minha Caixa Postal bati os olhos em um E-mail despretensioso, sem grandes apelos e que quase deixei de ler, pois parecia uma daquelas mensagens de propaganda. Porém, acabei lendo e para minha surpresa, se tratava de um convite para um evento na Itália.

De outras vezes, já havia sido convidado para encontros paralelos a Boat Shows, mas desta vez era para um Fórum independente. Respondi educadamente, agradecendo, pois, estava no Brasil e compreendi que o convite era para Comandantes nas proximidades.
Para minha surpresa, no dia seguinte recebi outra mensagem confirmando o convite, e que todas as despesas seriam pagas pelos organizadores, incluindo a passagem de ida e volta para Viareggio, além da hospedagem, traslado e alimentação.

Após uma consulta ao meu empregador, fui liberado a participar do evento e um mês depois eu estava arrastando mala no Galeão. Como sorte pouca é bobagem, ganhei upgrade e fui para a Europa de Business da Luftansa... sem comentários, por favor.

Bem, falei do milagre, mas não disse nada sobre o Santo. O evento foi o YARE 2017, um encontro de Comandantes de Superyachts patrocinado pelo Governo da Região Toscana e das províncias de Lucca, La Spezia e Carrara, juntamente com todos os principais estaleiros dedicados a reformas, visto que era esta a finalidade do encontro, criar um networking de Comandantes e prestadores de serviços, visando trazer negócios para a região.

Evidentemente, o Iate que comando estava bem deslocado, seja devido a distante localização, seja pelo tamanho. Noventa pés é um tamanho de barco bastante considerável no Brasil, mas no Mediterrâneo era apenas um bote. Meus colegas comandavam, em sua grande maioria, Iates de Charter de 40 a 70 metros de comprimento. Encontrei alguns ingleses, muitos Ucranianos, Russos e Croatas, pois os barcos alugados para clientes russos estão em alta na região. Poucos norte-americanos e canadenses, assim como espanhóis e alguns poucos exóticos como eu, um libanês, uma única mulher comandante dinamarquesa, que opera um barco no Senegal e claro, muitos italianos. De brasileiro, somente eu e um colega, o Bustamante, que trabalha em um barco que circula entre o Caribe, Flórida e Mediterrâneo, que por sorte estava na Itália.

O evento começou sob um frio fora de época, pois abril já era para estar menos gelado. No primeiro dia, circulamos em dois ônibus lotados, por vários estaleiros. A infraestrutura disponível na região é algo estarrecedor, principalmente para quem quase não dispõe de meios de docagem. Lá, travel-lifts de 600 Toneladas se encontra em cada esquina. Docas secas, flutuantes, pontões e carreiras de todos os tamanhos, estão à disposição. A cada estaleiro, ouvíamos considerações, explicações e tirávamos dúvidas sobre as características do local. Isto sem falar em comidas e bebidas em quantidade, afinal de contas estávamos na Itália, e se há algo sempre colocado em primeiro lugar, isto é sempre a comida.

Sinceramente, focaccias recheadas de Parma e tomate cereja são uma delícia, mas o Maestrale de vinte nós transmitia uma sensação térmica de zero graus, o que tirou muito do prazer da visita.
Retornando ao Hotel UNA em Lido Dei Camaiore, continuação para o Norte de Viareggio, encontramos mais comida e bebida, no que chamaram de Welcome Cocktail. Afinal de contas, o expediente já havia encerrado. Evidentemente, eventos de finalidade comercial são organizados como tal. A bebida foi fornecida pela Hennessy, e baldes de Moet Chandon cercavam o salão, assim como material promocional de várias empresas da região. A música ficou por conta de um excelente grupo de Jazz, que se apresenta de forma privada em Megayachts, e um italiano septuagenário cantou todo repertório de Louis Armstrong, com incrível semelhança de voz. Pelo menos, pintou um risoto para esquentar a barriga.

No segundo dia, aconteceu um Fórum, onde os Comandantes expuseram suas dificuldades ao contratar reformas nos estaleiros, coisas totalmente fora de nossa realidade. Devido ao clima, é normal que os barcos façam pequenos reparos durante o inverno e o início da primavera, estas pequenas obras podem chegar, nos barcos de maior porte, facilmente a dois milhões de Euros. Veja que não estou falando de um refit ou rebuild, mas uma “obrinha” de final de estação!

Os mediadores tiveram bastante trabalho para aplacar certos ânimos, e um colega egípcio chegou a lançar um pequeno manifesto, reclamando de taxas de retirada de lixo para lá de abusivas, elevados custos de calefação nos galpões, que recebem barcos de centenas de toneladas de arqueação e outras coisas bem fora de nossa realidade.

De noite, rolou mais um jantar, desta vez em um antigo convento do século XIII, bancado pelo Estaleiro alemão Lürsen, o problema mais uma vez foi a temperatura, pois foi tudo servido ao ar livre e dois graus não tem graça alguma!

No terceiro dia, o enorme salão de convenções foi coberto por mesas de trabalho, cada uma reservada a um Capitão, com duas outras cadeiras para receber os patrocinadores cotistas do evento. Antecipadamente, tivemos de escolher um mínimo de 25 empresas dentro das mais de cinquenta participantes, e a cada período de vinte minutos, tocava um gongo e recebíamos uma nova dupla de “vendedores” de serviços. Recebi empresas de comunicação satelital, fornecedores de artigos de couro, roupas de cama, tintas, serviços mecânicos, marinas, estaleiros de reparos, agentes e fornecedores de catering para Iates. Realmente, no início parecia que o evento seria o que no turismo se chama de fan tour, porém o ritmo e o grau de exigência foi bastante alto e as cifras envolvidas deixaram bem claro, que ali estávamos todos para trabalhar. Conversas em inglês, italiano, francês e alemão eram ouvidas por toda parte.

Como encerramento, após um dia bastante cansativo, jantamos no Iate Clube de Viareggio, e me mantive fiel a meu grupo preferido de Comandantes, liderados pelo Igor, um experiente Capitão russo de 65 anos, e dono de um curriculum invejável. Os quase setenta comandantes participantes o elegeram nosso “Almirante”, além dele e do Bustamante, faziam parte um Capitão esloveno bem mal-humorado, um jovem croata de um megayacht de 43 metros, um canadense e o libanês.

No derradeiro dia, fizemos atividades recreativas. Um grupo subiu as colinas de mármore de Carrara (as colinas são literalmente de mármore) em veículos 4X4 e outros foram a Lucca, conhecer sobre o maestro Puccini. No almoço, um bufê para lá de Russo, com blinis e caviar de salmão, ostras, espumantes e claro, a tradicional italiana focaccia com Parma e funghi.

Depois de tantos super e mega Iates, pode parecer que fui o menor barco do evento, o que é praticamente a verdade. Quando nas rodas de conversa, vinham as perguntas sobre o tamanho do barco, e eu dizia que era um trawler de 90 pés, ninguém dava muita atenção, mas quando ficavam sabendo que já havíamos estado do Mediterrâneo duas vezes, e que tínhamos realizado as travessias, sem o auxílio de um navio-doca, a coisa mudava de figura. Acabei percebendo que eles, por maiores que sejam seus iates, costumam circular por perto e que suas “travessias” não chegam a três noites de duração. Posso ter ido com o menor barco, mas ninguém “tirou farinha” da gente!


O Gattina tem 40.000 milhas náuticas em seu curriculum, nada mal.