quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eles querem invadir nossa praia?!!

Por centenas de anos a Europa ignorou solenemente nossa existencia, e somos considerados ainda, como um local para férias exóticas, para não dizer de aventura, o que não é propriamente uma inverdade.

No mercado nautico, os estaleiros europeus não consideravam que até então aqui existia sequer um mercado! Visitantes brasileiros, a Boat Shows no exterior eram tratados de maneira, pelo menos desatenta, e precisavam de algum tipo de apresentação especial, para ter acesso a estandes e barcos.
De uns tempos para cá, a coisa toda mudou, e estaleiros dos mais tradicionais, agoram caçam os possiveis clientes do emergente Brazil, como abelhas no mel. Mas não são apenas eles, agora as tripulações desempregadas de além-mar também estão chegando, em busca de barcos para tripular.
Nos anos 1990, de posse de um Passaporte Europeu, vivi a experiência de procurar um barco nas aguas do Mediterrâneo, mais precisamente na Italia. Consegui alguns bicos, fiz uns delivers, pintei alguns fundos, trabalhei de última hora em um veleiro de charter como skipper, e tive uma grande oferta de trabalho, em um bom e famoso barco que, todavia não estava na Europa, e sim na distante Indonesia, aventura que não pretendia empreender, pois meu plano na época era firmar residência na terra dos meus antepassados.
Ao realizar meus contatos, notei que as maiores dificuldades que eu tinha eram: ser analfabeto funcional, pois falava italiano, mas lia precariamente e nada escrevia; tinha uma Licença Profissional Internacional e conhecimento técnico, mas pouco conhecia do litoral italiano ou ainda menos do resto do Mediterrâneo; por fim não deixava de ser um estrangeiro...
Recentemente, percebi uma avalanche de Resumes, enviados por Capitães ingleses e de outros paises europeus, todos MCA, com grande experiência internacional e praticamente as mesmas deficiências que eu tinha naquela época, em que a economia do Brasil patinava, e eu tentei o dito Primeiro Mundo. A diferença talvez é que nós, enquanto “colonia”, sempre tratamos melhor quem vem do Primeiro Mundo. É chique ter um comandante inglês, tanto aqui como lá.
Algumas das perguntas que devemos fazer são:
Os gringos toparão servir brasileiros, como seus iguais? Eles vão conseguir montar, treinar e administrar uma tripulação brasileira? Ou sera que vão achar uma equipe bilingue para fazê-lo? Sabem fazer caipirinha? Carregam malas? São bons de churrasco? Sabem administrar as necessidades sem uma agencia ou fornecedor de iates? Entrarão pela porta dos fundos nos Iate Clubes, ou por serem estrangeiros serão melhor tratados que nós, os naturais? Finalmente, a Marinha, vai reconhece-los como navegadores amadores, tripulando barcos de recreio no Brasil, ou como profissionais que o são?
Muitas perguntas, e tão poucas respostas, só vendo para saber.

2 comentários:

  1. Adoro seus posters que são sempre muito interessantes, estou aguardando novos, saiba que o senhor ganhou uma fã !!!

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  2. Agradeço a mensagem, estou com varias postagens aguardando o final de uma viagem.
    Bons Ventos!
    Alvaro Otranto

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