Desregra Primeira: Não respeitar o RIPEAM
O RIPEAM (Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no
Mar) parece não ser levado muito em consideração em nossas águas.
As pessoas são obrigadas a estudá-lo desde a prova de Arrais, mas parece que
depois ele cai no esquecimento. Em sua páginas as ilustrações, explicam de forma prática, a maneira como cada
embarcação deve se comportar ao cruzar com outra qualquer, e isto pra dizer
pouco.
Já passei por inúmeras situações de risco devido ao não cumprimento
das regras. E olhe que elas são fixadas obrigatoriamente à vista de quem ocupa
o posto de pilotagem e portanto não tem desculpa. Na Bahia, no
Paraná, no Caribe, em Angra dos Reis e em quase todos os locais por onde já
naveguei, vi gente trocando as bolas na hora de guinar.
Em Angra (e Paranaguá) há um código secreto que é baseado no tamanho da marola do
barco que você vai cruzar e sua velocidade em relação a ele. Levando estes
importantes dados em consideração, o barco “opositor” guina a boreste ou a bombordo, de acordo com
sua própria vontade.
Como são emocionantes os finais de tarde nos corredores criados
entre as ilhas da baia da Ilha Grande! É barco de tudo que é lado, cada um fazendo o
que bem entende e todos utilizando o máximo que seus motores permitem, pois
depois de ficarem parados por horas a fio, bebendo, comendo, conversando,
azarando e se divertindo, todos são tomados por uma pressa sem limites e
decidem que precisam chegar em terra imediatamente.
À noite a coisa piora! Bólidos irresponsáveis cruzam no breu em
alta velocidade. Às vezes sob chuva e em condições de baixa
visibilidade, e nestas ocasiões costumam haver os problemas, com colisões,
encalhes, abalrroamentos e todo o tipo de acidente. Além de ser
lamentável, devemos lembrar que tais acidentes poderiam (na imensa maioria das vezes) ser evitados.
Concordo que somos obrigados a aprender algumas regras que praticamente não são utilizadas,
como linguagem de apitos e outras coisas do gênero, como gongos e badalar de sinos, porém, manobra é segurança e deveria ser
levada muito a serio!
Sabemos que barcos muito grandes e igualmente rápidos geram marolas
gigantescas, e que seus pilotos não se preocupam com a esteira que causam, mas
para tudo tem limite. Isto me faz lembrar de outra regra que foi bagunçada
pelos navegadores:
- Veleiros tem prioridade sobre barcos a motor.
Isto é quase um fato, mas apenas quando, de fato, o barco estiver velejando!
Já passei por esta situação muitas e muitas vezes. Um veleiro vem
pelo meu bombordo, belo e faceiro e cruza a minha proa como se fosse o dono do
oceano. Porém, apesar de ser um veleiro, esta com as velas arriadas, bem atadas
à sua retranca e acredita que apenas por ter um mastro, tem preferência na manobra, o que está bem longe da realidade. Caros velejadores,
quando seu barco estiver sendo impulsionado pelo seu próprio motor, você é tão
barco a motor como qualquer uma daquelas lanchas que você tanto odeia! A bem da verdade, veleiros não fazem quase marola, mas nem por isso tem “licença
poética” para interpretar a regra a seu favor. Se acha que pode, tente fazê-lo com um navio
em manobra de aproximação pelo canal. Vais tomar um "buzinaço" e ainda vai ser rebocado na marra pela lancha
do prático! Se der tempo, é claro.
Já tive vários problemas com barcos de todo o tamanho e
procedência, já vi barbeiragem de navios, de práticos pilotando navios, de
veleiros, de muitas lanchas e eu mesmo já devo ter cometido uma navalhada ou
outra, mas evito sempre fazê-lo, ou não teria cabimento estar passando isto
para vocês.
Considero que o RIPEAM deveria ser exaustivamente rememorado, para
o bem e a segurança de todos que tem no mar o seu lazer, o seu esporte ou mesmo
seu meio de vida. Por fim, as autoridades navais e policiais
também deveriam dar o exemplo, exigindo de seus comandados o cumprimento das
mesmas regras mencionadas acima, afinal estamos em tempos de paz.
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