terça-feira, 12 de abril de 2016

O Navegador Sem Noção I

Desregra Primeira: Não respeitar o RIPEAM 

O RIPEAM (Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar) parece não ser levado  muito em consideração em nossas águas. As pessoas são obrigadas a estudá-lo desde a prova de Arrais, mas parece que depois ele cai no esquecimento. Em sua páginas as ilustrações, explicam de forma prática, a maneira como cada embarcação deve se comportar ao cruzar com outra qualquer, e isto pra dizer pouco. 
Já passei por inúmeras situações de risco devido ao não cumprimento das regras. E olhe que elas são fixadas obrigatoriamente à vista de quem ocupa o posto de pilotagem e portanto não tem desculpa. Na Bahia, no Paraná, no Caribe, em Angra dos Reis e em quase todos os locais por onde já naveguei, vi gente trocando as bolas na hora de guinar. 

Em Angra (e Paranaguá) há um código secreto que é baseado no tamanho da marola do barco que você vai cruzar e sua velocidade em relação a ele. Levando estes importantes dados em consideração, o barco “opositor” guina a boreste ou a bombordo, de acordo com sua própria vontade. 

Como são emocionantes os finais de tarde nos corredores criados entre as ilhas da baia da Ilha Grande! É  barco de tudo que é lado, cada um fazendo o que bem entende e todos utilizando o máximo que seus motores permitem, pois depois de ficarem parados por horas a fio, bebendo, comendo, conversando, azarando e se divertindo, todos são tomados por uma pressa sem limites e decidem que precisam chegar em terra imediatamente. 


À noite a coisa piora! Bólidos irresponsáveis cruzam no breu em alta velocidade. Às vezes sob chuva e em condições de baixa visibilidade, e nestas ocasiões costumam haver os problemas, com colisões, encalhes, abalrroamentos e todo o tipo de acidente. Além de ser lamentável, devemos lembrar que tais acidentes poderiam (na imensa maioria das vezes) ser evitados. 

Concordo que somos obrigados a aprender algumas regras que praticamente não são utilizadas, como linguagem de apitos e outras coisas do gênero, como gongos e badalar de sinos, porém, manobra é segurança e deveria ser levada muito a serio! 

Sabemos que barcos muito grandes e igualmente rápidos geram marolas gigantescas, e que seus pilotos não se preocupam com a esteira que causam, mas para tudo tem limite. Isto me faz lembrar de outra regra que foi bagunçada pelos navegadores: 

- Veleiros tem prioridade sobre barcos a motor. 

Isto é quase um fato, mas apenas quando, de fato, o barco estiver velejando! 

Já passei por esta situação muitas e muitas vezes. Um veleiro vem pelo meu bombordo, belo e faceiro e cruza a minha proa como se fosse o dono do oceano. Porém, apesar de ser um veleiro, esta com as velas arriadas, bem atadas à sua retranca e acredita que apenas por ter um mastro, tem preferência na manobra, o que está bem longe da realidade. Caros velejadores, quando seu barco estiver sendo impulsionado pelo seu próprio motor, você é tão barco a motor como qualquer uma daquelas lanchas que você tanto odeia! A bem da verdade, veleiros não fazem quase marola, mas nem por isso tem “licença poética” para interpretar a regra a seu favor. Se acha que pode, tente fazê-lo com um navio em manobra de aproximação pelo canal. Vais tomar um "buzinaço" e ainda vai ser rebocado na marra pela lancha do prático! Se der tempo, é claro. 

Já tive vários problemas com barcos de todo o tamanho e procedência, já vi barbeiragem de navios, de práticos pilotando navios, de veleiros, de muitas lanchas e eu mesmo já devo ter cometido uma navalhada ou outra, mas evito sempre fazê-lo, ou não teria cabimento estar passando isto para vocês. 

Considero que o RIPEAM deveria ser exaustivamente rememorado, para o bem e a segurança de todos que tem no mar o seu lazer, o seu esporte ou mesmo seu meio de vida. Por fim, as autoridades navais e policiais também deveriam dar o exemplo, exigindo de seus comandados o cumprimento das mesmas regras mencionadas acima, afinal estamos em tempos de paz. 

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