Foi durante a Semana Santa. Estavamos nós, um barco a motor,
fundeados na cidadela máxima dos velejadores naquele feriado, a Ilha da Cotia
em Parati. É bem verdade, que paramos sempre do outro lado da enseada, assim
ficamos longe do agito, como é bem o nosso estilo.
Chegamos à madrugada da quinta para a sexta, pouco depois da
meia-noite. Reduzimos em marcha lenta antes de ultrapassar a garganta entre o
continente e a Ilha, e fizemos nossa manobra silencionsamente, mesmo para um
barco de 90 pés a motor.
Passamos a sexta entre passeios de bote e caiaque, nem
desembarcando nosso jet.
No sábado, bem cedo pela manhã, um barco semelhante ao nosso
e fabricado pelo mesmo estaleiro, adentrou a baia através da mesma passagem que
haviamos utilizado, e após uma ruidosa manobra de giro, saiu numa velocidade um
tanto quanto desnecessaria para o local, em minha particular opinião.
Na parte da tarde, quando faziamos a aproximação de nosso
barco de apoio, notamos a chegada de um veleiro em alta velocidade, ele fazia
um enorme bigode à proa, sinal de que estava bastante acelerado para seu casco.
Achamos curioso, ter tanta pressa para um fundeio, mas somente ai nos demos
conta que de fato era um ataque! A intensão do veleiro Plutão (não é bem este o nome do planeta) era provocar uma marola,
num ataque deliberado a um monstruoso barco a motor, que jazia inerte em sua
âncora, a mercê de um veleiro (suponho) bastante vingativo!
Pode ser que ele nos tenha confundido com o barco que havia
provocado a marola no inicio da manhã, ou que de fato tenhamos causado uma
marola em outro dia qualquer, em outra época e outro local, não há como eu
saber. De fato, e apesar de todo o esforço e combustível gasto naquela manobra,
não há como um veleiro daquele porte, provocar uma manobra que afete um Iate de
mais de 80 toneladas. É verdade que o referido ataque realmente atrapalhou
nossa manobra com o bote, que foi adiada até que as marolas que atingiram nossa
popa diminuissem. O pior ficou para os vários veleiros que estavam fundeados ao
nosso redor, que devem ter sido mais incomodados do que nós, com esta atitude,
no mínimo surpreendente, e quase cômica!
Infelizmente, o que dá para perceber é que alguns
comandantes de veleiros só não causam marolas, porque não dispõe de uma
embarcação que o faça, e não porque prezam às boas maneiras, e o bom senso. Não
estou fazendo a defesa das lanchas, pois em sua imensa e esmagadora maioria,
não olham para sua propria popa, a fim de medir o grau de perturbação que irão
provocar na area de onde se aproximam, mas para condenar um tipo de atitude que
só faz piorar a convivência, e os momentos de lazer das familias, que procuram
no mar um refugio para as pressões e aborrecimentos que a vida numa cidade
grande nos causa.
Num ato de não agressão, a La Gandhi, peço desculpas ao
Capitão do Plutão, se caso o
atrapalhei algum dia, provocando uma marola desnecessária, e informo a ele que raramente
ultrapasso os dez nós, velocidade insuficiente para provocar marolas; e se o
faço é por motivos técnicos, geralmente durante Provas de Mar.
Espero que este tenha sido um fato isolado, e que ele, o
“Veleiro Vingativo”, não leve este tipo de reação para fora de seu quase inofencivo
veleiro, pois se resolver ter este tipo de atitude em um automovel, numa
avenida ou auto-estrada, pode ser fatal!
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