terça-feira, 9 de junho de 2015

CICLONES TROPICAIS III

As maiores tormentas já registradas na historia da humanidade!

Abrimos aqui, a “Seção Tragedia” desta serie de textos, nomeando os campeões em varias categorias de destruição e letalidade, porém preciso registrar que é muito complicado levantar e organizar dados sobre tempestades, pois cientistas de diferentes paises têm metodologias diferentes na sua interpretação, e há uma eterna discusão sobre qual foi o mais forte, o mais intenso, o maior, mais mortal ou destruidor. Retirei os dados abaixo das melhores fontes que consegui, mas aviso que não se trata de uma unanimidade, e poderão achar outras informações que não corroboram as aqui relacionadas.

Neste ponto, preciso lembrá-los também que os temidos Furacões, apesar de nossa relativa proximidade com eles, quase não figuram entre as mais violentas tempestades ciclonicas ocorridas sobre a face da terra. Muitos dos piores (Tufões) ocorreram no Pacifico e Mar da China. Outro detalhe é que, enquanto no Caribe eles têm uma Temporada “Oficial”, em outros locais eles podem ocorrer em qualquer época do ano, tornando a vida das pessoas um pesadelo.

Tufão Nancy – 1961 – O mais potente do ano de 1961 no Pacifico e o de ventos mais fortes da historia, registrando o recorde de ventos sustentados por um minuto, de incriveis 186 nós (345 Km/h). Lembremos que as rajadas podem alcançar 50% a mais do que a velocidade sustentada do vento;

Tufão Haiyan (China) ou Yolanda (Filipinas) – 2013 – Foi considerado um dos mais letais. Alcançou 314 Km/h (170 nós), matando 11.801 pessoas nas Filipinas, Vietnan, China e outros paises da região;

Em 1966, o Tufão Kit alcançou a mesma velocidade sustentada de vento que o Nancy, mas felizmente não atingiu o litoral de pais algum;


Super-Tufão Tip – 1979 – o maior de todos, com um diametro de 2100 Km;

Ciclone Tracy – 1974 – foi o menor registrado, com um diametro de apenas 100 Km;

Furacão Katrina – 2005 – O mais caro. Atingiu 151 nós (280 Km/h) e custou a vida de 1.833 pessoas, gerando USD$113 Bilhões em prejuizos. Acredita-se, porém, que o Furacão Miami, ocorrido em 1926, tenha gerado prejuizos de $165 Bilhões, atualizados para valores de 2010;

Furacão Andrew – 1992 – um dos mais famosos no Caribe, devido à destruição que causou em locais como St. Maarten e outras ilhas procuradas por iatistas. Depois de aterrorizar as Bahamas, atingiu a Florida com ventos de 280 km/h (151 nós). Sendo um dos mais caros da historia, causando prejuizos de US$27Bi e matando 65 pessoas.

Tufão Nina – causou a maior inundação do século, destruindo 62 barragens e matando cerca de 100.000 pessoas;

O Grande Furacão de 1780 – atingiu as Antilhas e matou cerca de 22.000 pessoas, da já pequena população da época;

Furacão John – o mais longo e de maior trajetoria da historia. Permaneceu em atividade por longos 31 dias e cruzou 13.280 Km (7.171 milhas náuticas);

Ciclone Bhola – 1970 – o mais letal da historia da humanidade, matou direta ou indiretamente entre 500.000 e um milhão de pessoas no estuario do Ganges e Bangladesh. A maré anormal (surge) invadiu imensas areas costeiras, ceifando vidas e trazendo uma destruição sem precedentes. Devido à precariedade da estrutura formal destas regiões, não houve como contabilizar corretamente as vítimas, pois inumeros corpos foram arrastados pelas enchurradas e nunca mais retornaram ao litoral, cujo contorno foi modificado para sempre;



Catarina – 2004 – Nosso primeiro furacão, matou cerca de 10 pessoas e feriu outras 75. Destruiu 1.500 casas e avariou mais de 40.000, causando prejuizos de US$400 Milhões. Com ventos sustentados de 180 Km/h, cerca de 97 nós, algo nada desprezivel para um Oceano virgem de Furacões até aquela data!


Duração das Estações e Medias Anuais de Ocorrência:

Região
Inicio
Término
Temp. Tropicais
Furacões
Atlantico Norte
01/Juho
30/Novembro
12,1
6,4
Pacifico Leste
15/Maio
30/Novembro
16,6
8,9
Pacifico Oeste
01/Janeiro
31/Dezembro
27,0
17,0
Indico Norte
01/Janeiro
31/Dezembro
4,8
1,5
Indico Sudoeste
01/Julho
30/Junho
9,3
5,0
Região Australiana
01/Novembro
30/Abril
11,0
0
Pacifico Sul
01/Novembro
30/Abril
7,4
4,0
Global
01/Janeiro
31/Dezembro
86,0
46,9
Nota: Nosso litoral ainda não faz parte destas estatisticas, porque tivemos apenas um Furacão “oficial” em nossa historia, o Catarina em 2004. Porém outras tempestades de tendência ciclônica têm se formado, geralmente entre Janeiro e Março, sendo este último nosso mês mais propício.

Escala Saffir/Simpson de Classificação de Ciclones:

Leva em consideração não só a intensidade do vento, mas também a pressão no olho da tormenta:

Categorias
Pressão
Ventos sustentados
Aumento da Maré (Surge)
Categoria I
> 980 mb.
Ventos sustentados de 64 a 82 nós
4 a 5 pés (1,20 a 1,50 m)
Categoria II
980 ~ 965 mb.
Ventos sustentados de 83 a 95 nós
6 a 8 pés (1,80 a 2,40 m)
Categoria III
965 ~ 945 mb.
Ventos sustentados de 96 a 113 nós
9 a 12 pés (2,70 a 3,60 m)
Categoria IV
945 ~ 920 mb.
Ventos sustentados de 114 a 135 nós
13 a 18 pés (3,90 a 5,40 m)
Categoria V
<920 mb.
Ventos sustentados acima dos 136 nós
6 a 8 pés (1,80 a 2,40 m)

OBS: Ventos sustentados máximos são calculados pela media dos ventos em um determinado intervalo de tempo, porém rajadas de até 50% a mais de velocidade, podem ocorrer. Ou seja, num regime de ventos sustentados de 100 nós, rajadas de até 150 nós podem ser registradas.

 

Hurricane Watch: o National Hurricane Center emite um Boletim, informando se existe a possibilidade de desenvolvimento de um Furacão em determinada região num prazo de até 36 horas. Isto basta para que voce comece com os preparativos de proteção de sua “casa” e mantenha atenção no radio ou Navtex ou Inmarsat-C, que são receptores automáticos de avistos de mau tempo.

Hurricane Warning (Aviso de Furacão): o NHC emite um alerta de que ventos ciclonicos com ventos sustentados de, no mínimo, 63 nós (74 mph) estão previstos para uma determinada area que pode ou não lhe atingir diretamente. Voce precisa partir, se houver tempo, rumo a um Abrigo Seguro. Vigilância permanente e plotagem da posição em sua carta são necessárias.

Abaixo, reproduzo uma lista dos resultados e efeitos tidos como esperados numa região de litoral atingida pelas varias categorias de furacão, notadamente em terra ou proximidades. É necessaria certa analogia para imaginar seus possiveis efeitos à bordo:

Categoria
Pressão
Ventos
Aumento da Maré (Surge)
Categoria I
> 980 mb.
Ventos sustentados de 64 a 82 nós
4 a 5 pés (1,20 a 1,50 m)
Efeitos: não costumam ocorrer avarias nas edificações, apenas pequenas arvores sofrem com desfolhamento. Alguns piers mais precarios podem avariar com a maré anormal, assim como canais costeiros em terras baixas.

Categoria
Pressão
Ventos
Aumento da Maré (Surge)
Categoria II
980 ~ 965 mb.
Ventos sustentados de 83 a 95 nós
6 a 8 pés (1,80 a 2,40 m)
Efeitos: os telhados começam a sofrer avarias, assim como portas e janelas. A vegetação é atingida consideravelmente, assim como trailers e motor-homes. A maré anormal (surge) pode destruir pequenas estruturas como piers, causando avarias a barcos mal amarrados.

Categoria
Pressão
Ventos
Aumento da Maré (Surge)
Categoria III
965 ~ 945 mb.
Ventos sustentados de 96 a 113 nós
9 a 12 pés (2,70 a 3,60 m)
Efeitos: começam a ocorrer avarias em edificações e trailers podem ser destruidos. Grandes inundações podem ocorrer em areas próximas da costa e estruturas náuticas poderão ser destruidas por objetos flutuantes, arrastados pelo vento e correnteza. Barcos podem se soltar de suas amarras, avariando os outros à sua volta.

Categoria
Pressão
Ventos
Aumento da Maré (Surge)
Categoria IV
945 ~ 920 mb.
Ventos sustentados de 114 a 135 nós
13 a 18 pés (3,90 a 5,40 m)
Efeitos: casas e pequenas edificações podem ser totalmente destelhadas ou mesmo destruidas. Enchentes atingem enormes areas e deslizamentos de terra podem representar grandes perigos em estradas e região costeira. Veleiros perdem seus mastros, quaisquer objetos no convés são levados pelo vento, barcos de pequeno e medio porte são lançados como brinquedos.

Categoria
Pressão
Vento
Aumento da Maré (Surge)
Categoria V
<920 mb.
Ventos sustentados acima dos 136 nós
6 a 8 pés (1,80 a 2,40 m)
Efeitos: grandes avarias e destelhamento de edificações comerciais e mesmo industriais. Pequenas residencias e lojas de rua são destruidas. A cheia atinge as casas ao longo da costa e é necessário evacuar a população com urgência. Barcos são empilhados em obstaculos em terra, e não há chance de algo que flutue ser mantido a salvo. Reze.

Palavras antes da Tempestade:

Este texto foi preparado por um navegador, evitando dados tecnicos e ciêntificos mais aprofundados, e dando um enfoque mais prático, utilizando termos e comparações que físicos, meteorologistas e outros ciêntistas poderão não concordar. A intensão é dar uma visão ampla do fenômeno e os perigos que o envolvem.

De toda forma, as informações condensadas neste texto não devem ser consideradas como única fonte ou o bastante a quem pretende singrar as aguas do Caribe ou mesmo Pacifico. Aconselhamos que procure a literatura utilizada como bibliografia, assim como outras fontes, para melhores e mais aprofundados conhecimentos. A segurança de seu barco e tripulação pode depender de seu preparo e conhecimento.

Bons Ventos!

Bibliografia:
The Concise Guide to Caribbean Weather – David Jones
The Virgin Islands – Stephen J. Pavlidis
Cruising Guide to the Leeward Islands – Chris Doyle
Cruising Guide to the Windward Islands – Chris Doyle
World Cruising Routes – Jimmy Cornell
The Gentleman’s Guide to Passages South – Bruce Van Sant








Um comentário:

  1. Muito Interessante!! Tenho um amigo brasileiro, na Geórgia, já repassei pra ele. Comprou o barco recentemente e ainda está se 'aclimatando'.
    abç. daqui de Ubatuba

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