terça-feira, 29 de novembro de 2011

Curta Travessia Curta

Para fins de preparação, acredito que não exista travessia pequena ou grande, pois os cuidados precisam ser os mesmos, o que vai variar é a quantidade de cada “ingrediente”, mas não sua variedade.

Recentemente, surgiu a necessidade de organizar uma viagem de Angra para Búzios, com escala no Rio de Janeiro. Com mais de uma semana de antecedência, começamos a acompanhar a evolução de tempo, que na Primavera é sempre temperamental, com frentes e ciclones surgindo aos pares por semana.

Levantamos a distância, a previsão de estadia e calculamos o diesel necessário e ir e vir com 30% de margem de segurança e somamos as horas necessárias de gerador, adicionando a este total uma pequena margem de segurança. Como nossa reserva ficaria no limite, finda a viagem, preferimos abastecer antes da partida, com o diesel necessário a se realizar a viagem redonda (ida e volta) e ainda sobrar o necessário para manter nossa estabilidade e a programação dos próximos finais de semana.

Negociamos com o posto, marcando dia e hora para abastecer, pois grandes quantidades precisam ser encomendadas, a fim de não embarcar o fundo do tanque, como acontece vez por outra.

Checando o Quadro de Horas, notamos que haveria necessidade de realizar a troca de lubrificante e filtros em ambos os geradores, logo no segundo dia de viagem, portanto além do lubrificante de reserva dos motores, haveria a troca já citada, porém dentro de nossa reserva de sobressalentes existente.

Como a programação era de embarcar os passageiros no Rio, aproveitamos para além de reforçar a geladeira com perecíveis e a despensa com alguns itens difíceis de encontrar no mercado de Angra, realizar um atendimento técnico para reparo de alguns equipamentos. Portanto, viemos um dia antes da escala programada e fundeamos em um local que permitisse o embarque dos técnicos, e que ainda facilitasse as possíveis provas de mar, necessárias a calibragem de alguns eletrônicos.

Largamos de Angra, com uma frente fria no Paraná, porém o tempo já dava sinais de mudança, e após uma parada para limpeza de eixos e hélices, partimos com o céu ameaçador, porém com mar e ventos fracos. Programamos o AIS com a chegada prevista para as 22h00 e seguimos adiante.

A viagem foi tranqüila e mantivemos uma boa marcha, mesmo rebocando nosso bote de apoio de 3 toneladas pela popa. Explico que, além de um bote de 15 pés, que levamos na coberta superior ao lado do Jet, levamos a reboque um bote de 26 pés com dois motores diesel de 170 HP. Como cuidados extras, o bote possui uma estrobo para sinalização do reboque noturno, e ainda um AIS de Classe B, se caso nosso cabo de reboque reforçado com Spectra venha a partir, estes acessórios permitirão (espero), que localizemos o bote na escuridão.

Próximo das Ilhas Tijucas, o tempo fechou, a visibilidade foi prejudicada, com muita chuva e relâmpagos caindo do céu. Como sempre acontece nestes momentos, vários barcos resolveram cruzar pelo nosso caminho, dando uma certa adrenalina em nossa chegada. Mais tarde, após a Ponta do Arpoador, a chuva parou e não cruzamos com nenhum outro barco até as 22h00, quando fundeamos na Baia da Guanabara.

No dia seguinte, realizamos o atendimento de reparo de eletrônicos e durante a noite, partimos para Búzios, realizando um fundeio na Enseada do Forno, Arraial do Cabo, para um Café da Manhã especial e uma pequena exploração no local. Mais tarde, seguimos rumo a Búzios, com um Sudeste fraco e um belo dia de sol.

A estadia em Búzios foi dentro do previsto: sol na chegada, mais o vento forte e o balanço que já são tradicionais do local. Infelizmente, a previsão do tempo se confirmou e a chuva, originaria da Zona de Convergência de Umidade que vem da Amazônia, frustrou os banhos de sol, e passamos a dedicar nossa programação à velha e boa gastronomia! Refugio das almas carentes e apetites insatisfeitos...

Em três dias, servimos dezenas de refeições e não registramos nenhum amotinado, fazendo refeições em terra! Um sucesso de público!

Na viagem de volta, tudo correu bem e o apurado controle de funcionamento de motores e geradores, permitiu que registrássemos um aumento no consumo de combustível, de históricos 87 litros/hora, para 94 litros/hora, devido ao reboque do já comentado bote. Com isto, nossa Autonomia em travessia cai para menos de 1.800 Milhas Náuticas,  o que não mais nos permitirá realizar grandes passagens, do tipo Cabo Verde a Salvador, sem escalas, como desejado e já realizado anteriormente.

Confirmando, uma travessia curta é o modelo de uma longa, o que varia é a duração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário