quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia de Partir - VGM Angra - Paranaguá

Dia 07 de Fevereiro de 2012
Amanheceu por volta das 06h30 e largamos os cabos, para uma das etapas de nossa partida. Minutos depois, atracamos ao Posto Flutuante, iniciando um longo abastecimento. A bomba dita rapida do posto, antigamente embarcava mil litros em 20 minutos, e agora leva quase 30 para a mesma quantidade de diesel, portanto demoramos horas e mais horas para carregar os onze mil litros de que tinhamos necessidade, sem falar que a bomba lenta, que pegamos em conjunto, tem a vazão de apenas mil litros a cada 55 minutos, uma eternidade...
O dia se fez perfeito, sem vento, céu azul e mar calmo. Após o abastecimento, fundeamos em uma pequena enseada de aguas calmas e mergulhamos para limpar os hélices e eixos, a fim de nos livrarmos das cracas colecionadas nas últimas semanas de marina.
Perto da uma da tarde, suspendemos e nos colocamos em navegação, rumo a Ilhabela. Eram 13h10 quando passamos a Ponta da Pitangueira, na Ilha da Gipoia, com o log registrando 6800 MN.
O almoço foi frango cozido com batatas, arroz, farofa e salada. Carboidratos, para quem faz serviço pesado.
O tempo estava tão bom, que lembrei de uma celebre frase de Joshua Slocum, em seu relato da primeira volta ao mundo em solitario em um veleiro:
- “Estava um lindo dia, lindo demais para se perder em terra!”
O céu perfeito, horizonte limpo, mar calmo, temperatura alta e boa visibilidade, marcaram as primeiras milhas de nossa pequena travessia.
Logo depois de deixar as proximidades da Gipoia, apareceu um vento do quadrante Sul, que foi subindo até ultrapassar os 25 nós, porém durou pouco e nas proximidades da Ponta da Juatinga, ele já havia desaparecido, e assim foi o dia todo, apenas com aragens locais, sem grande folego.
Um pouco antes, próximo da primeira boia do canal de acesso dos navios, surgiram manchas avermelhadas no mar, em grandes faixas, mas não se tratava de vazamento de óleo, mas provavelmente de Maré Vermelha, uma grande massa de algas vermelhas, responsável pelo esgotamento do oxigenio das areas que atinge, e que costumam causar grandes prejuizos em fazendas de aquacultura, como ostras e mexilhões. Alguns cientistas associam-na ao aumento da temperatura de água do mar, em algumas regiões.
Seguimos rumo ao litoral de São Paulo, sob um dia perfeito, e apenas uma pequena ondulação de Leste, deixava claro que os dias anteriores, talvez não tenham sido tão tranquilos por ali. O vento Leste, quando firme, faz deste trecho do litoral um problema, para quem vai de Santos ao Cabo Frio, com muito vento, grandes vagas e forte corrente.
Anoiteceu pouco depois que passamos a Ilha do Mar Virado, e uma serie de espinhéis (boias sinalizam linhas de pesca de espera, ou redes de fundo, que são montadas entre duas ou mais destas balizas) começaram a aparecer no radar, felizmente todos estavam com uma pequena estrobo, o que facilitou desviar delas.
As 21h30 chegamos a Ponta das Canas, iluminada por uma enorme lua cheia, e a visibilidade de outros barcos ficou prejudicada com o navio de passageiros que estava fundeado no Canal, em frente a Ilhabela.
Já dentro do canal, ouvimos bumbos e surdos, de algum ensaio de Bloco de Carnaval, nas imediações, não havia luzes ou quaisquer sinais aparentes de aglomeração, mas o ritmo era forte.
Nos aproximamos do Iate Clube de Ilhabela (YCI) e fundeamos, após duas tentativas frustradas, devido a má tensa, e a uma brisa de popa, que atrapalhou nosso posicionamento. O bote no reboque e suas quase três toneladas pela popa, atrapalha nestas horas, pois não permite qualquer manobra, sem que haja o risco de uma avaria.
Nossa marcha media entre dois pontos, e medidas no intervalo de oito horas, foi de 8.5 nós, a 1.200 RPM e gastando 90 litros de diesel por hora, já incluido o consumo de um gerador. Esta media de consumo é um pouco acima do nosso ideal, mas foi o possivel devido ao pesado reboque. Para o ETA em Paranaguá, utilizamos 8.3 nós de marcha, que foi a media longe da influência de marés e correntes, na chegada e na partida.
Programamos nossa saida para os primeiros minutos de luz, da manhã seguinte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário